Uma iniciativa de mobilização da sociedade que deu certo. Assim, pode ser definido o projeto Casa Fora de Casa. A iniciativa encabeçada pela arquiteta e urbanista Carol Farias e o comunicólogo André Gonçalves promove intervenções sociais em Goiânia. Eles aplicam táticas urbanas unindo diversos profissionais que desejam transformar a cidade, por meio da arquitetura pública. Tudo é feito com a ajuda da comunidade.
Nesta segunda edição, o Casa Fora de Casa ocorre no Setor Pedro Ludovico. As atividades relacionadas ao projeto começaram no dia 2 de março e terminam em 5 de maio. A duração permite que o projeto incida no que a comunidade realmente precisa. “As nossas intervenções tem o objetivo de fazer as pessoas pensarem em como a cidade é, o porquê de alguns problemas que a cidade tem e como a gente se comporta na cidade. Como podemos melhorá-la”, explica Carol.
O setor Pedro Ludovico é cercado por áreas verdes e conta com o Jardim Botânico de Goiânia. Foi o escolhido para receber o Casa Fora de Casa este ano por causa do valor histórico que tem para Goiânia. “Foi o último bairro que o estado construiu e tem qualidades urbanísticas importantes. A mais relevante é a quantidade de áreas verdes que o bairro possui”, pondera Carol.
As oficinas e atividades que estimulam o laço entre moradores, visitantes e o bairro ocupam cinco locais principais. São eles: o Jardim Botânico, a Oficina Cultural Geppetto, o ateliê de autoconsciência O Arcano, o teatro Zabriskie e o Colégio Estadual Dom Abel. A programação contempla encontros com a comunidade, reconhecimento das áreas e da vizinhança, além de brainstorming de ideias para construir uma visão coletiva dos espaços públicos.
O Casa Fora de Casa promove ainda oficinas para a execução de ideias conjuntas e uma avaliação de tudo o que foi produzido ao longo do processo de intervenção. Normalmente, as ações são gratuitas, mas é solicitada inscrição dos participantes pela internet. A programação completa está disponível no site do projeto.
Para Carol, a mobilização e o comprometimento da comunidade com as ações refletem o efeito positivo do que está sendo feito. “Os moradores se sentem parte do projeto, são valorizados, ouvidos e acabam percebendo que o que eles têm a dizer contribui para o que está sendo feito dentro da comunidade. Faz com que as pessoas conversem umas com as outras e percebem que se envolver vale a pena”, pondera.
Como foi a primeira edição do Casa Fora de Casa
A primeira edição do Casa Fora de Casa ocorreu em 2016, no Setor Sul, em Goiânia. Foram contempladas as seguintes áreas urbanas: as praças Wilson Valente Chaves, a do Martim Cererê, o Bacião das Artes e a Praça Espaço Cultural Professor Augusto da Paixão Fleury Curado.
Durante os três meses em que o Casa Fora de Casa esteve no Setor Sul, as ações de modificação no ambiente foram feitas a partir dos problemas apontados pelos moradores. “O projeto proporciona que as pessoas criem coisas, coloquem ideias em prática”, afirma Carol.
Houve a prática de desenho de observação, quando a comunidade saiu pelo espaço observando e desenhando o que estava ao redor. Encontros para reconhecimento dos problemas das praças, mutirão de limpeza, oficinas artísticas de arte urbana com papel, tecido, marcenaria para mobiliário temporário e oficina de Educação também estiveram na programação.
Como é possível realizar o projeto
Colocar um projeto como o Casa Fora de Casa para funcionar requer trabalho de muita gente. “Somos 75 pessoas na equipe, envolvidas diretamente”, aponta. Não é pouca gente, afinal o projeto tem duração de três meses.
Os custos do projeto são pagos com dinheiro de fundos. O projeto recebe recursos do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás e tem apoio da Prefeitura de Goiânia. “O fundo é um instrumento importantíssimo de fomento a arte e a cultura”, aponta.
Depois de concluída cada edição, um E-book é montado com o resultado de tudo que foi feito no bairro. Este produto é disponibilizado para download do site do Casa Fora de Casa. É uma forma de prestar contas com a sociedade.