Dois irmãos goianos viveram um momento raro na medicina: ambos receberam rins de uma mesma doadora. O caso, ocorrido em Goiânia, é considerado inédito na rede pública de saúde do estado.
O procedimento foi realizado na sexta-feira (17), no Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG), que já conta com mais de 1.250 transplantes realizados, sendo considerado o maior centro transplantador do Centro-Oeste.

Transplante inédito de rins em Goiás
Os receptores são Aldemar Cavalcante Barros, de 59 anos, e Divino Cavalcante Barros, de 57, policiais militares da reserva e naturais de Porangatu, no norte de Goiás. Os dois sofriam de insuficiência renal causada por complicações da diabetes.
Aldemar aguardava há quatro anos na fila do transplante e realizava hemodiálise regularmente em Porangatu. Já o irmão, Divino, perdeu as funções renais há cerca de um ano.
O reencontro dos dois com a esperança veio de forma inesperada. Aldemar estava em Goiânia para um check-up cardíaco quando recebeu a notícia de que havia sido encontrado um rim compatível. Logo em seguida, veio a surpresa: o segundo órgão da mesma doadora seria destinado ao seu irmão.
“Foi um choque total para nós dois. A gente fica meio paralisado na hora, porque temos pouco tempo de diálise, em relação a outros que ficam anos (na fila)”, contou Aldemar Barros.
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Casos como o dos irmãos Barros são considerados extremamente raros. Segundo especialistas, para que o transplante duplo ocorra, é preciso que os dois receptores tenham alta compatibilidade genética com o doador, incluindo fatores como tipo sanguíneo e correspondência nos chamados alelos, estruturas genéticas que influenciam na aceitação do órgão.
“Cada pessoa tem um par de alelos, e avaliamos se o organismo do receptor não vai produzir anticorpos que ataquem o órgão doado. No caso dos irmãos, a compatibilidade foi favorável, o que permitiu o sucesso do transplante”, explicou o cirurgião Rodrigo Rosa, integrante da equipe de transplante renal do HGG.

Atualmente, 2.458 pessoas aguardam por um transplante em Goiás, sendo 686 à espera de um rim, de acordo com dados da Central Estadual de Transplantes. A fila é regulada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e considera critérios como compatibilidade, idade e urgência clínica.