Goiás está em negociações com o governo japonês para avançar em um acordo voltado à exploração e ao processamento de terras raras no estado.
O encontro entre representantes da Embaixada do Japão no Brasil e autoridades goianas ocorreu na tarde desta quinta-feira (28), no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, em Goiânia.
Exploração de terras raras
As conversas têm como objetivo estabelecer uma parceria estratégica para explorar os óxidos de terras raras (OTR), minérios fundamentais para o desenvolvimento tecnológico e a transição energética. Goiás concentra cerca de 25% das reservas mundiais desses elementos, usados em produtos de alta tecnologia, como turbinas eólicas, veículos elétricos, baterias, equipamentos militares e data centers.
O embaixador japonês Teiji Hayashi destacou o otimismo da comitiva quanto ao avanço das tratativas. “Essa visita aprofunda nossas discussões e abre espaço para ampliar a cooperação econômica”, afirmou.
Atualmente, Goiás é o único estado fora da Ásia a produzir terras raras em escala comercial, mas ainda exporta a matéria-prima sem realizar internamente etapas mais complexas, como separação e refino, processos hoje dominados pela China. A intenção das negociações é atrair tecnologia e investimentos para ampliar a cadeia de valor no estado, gerando mais empregos e desenvolvimento.
O governador Ronaldo Caiado defendeu que a parceria com o Japão avance para as fases de separação e refino do minério, hoje dominadas pela China.
“Goiás não quer ser apenas exportador de matéria-prima. Precisamos da sensibilidade para que essas etapas seguintes sejam implantadas aqui”, disse, ao reforçar a janela de oportunidades para atração de tecnologia e investimentos. Ele frisou ainda que, em relação ao licenciamento, o Estado é ágil: “Posso garantir que, no máximo em três meses, nós autorizamos o início de qualquer pesquisa ou instalação em Goiás”.

Os 17 elementos de terras raras têm aplicações estratégicas em setores de ponta. Em Goiás, operações já consolidadas reforçam o potencial econômico desse mercado. Em Minaçu, a Serra Verde Pesquisa e Mineração (SVPM) já produz comercialmente elementos como disprósio, térbio, neodímio e praseodímio. Em Nova Roma, um novo projeto de processamento de argilas iônicas prevê investimentos de até R$ 2,8 bilhões e a criação de cerca de 5,7 mil empregos. Já em Aparecida de Goiânia, a multinacional chilena Aclara Resources inaugurou neste ano uma unidade com aporte inicial de R$ 30 milhões.
As conversas atuais são resultado de uma missão comercial realizada em julho pelo governo estadual ao Japão. Durante o encontro em Tóquio, autoridades japonesas manifestaram interesse em conhecer de perto o potencial goiano.
“Entre todas as nossas análises, vimos que Goiás apresenta uma grande oportunidade para atender à demanda global de terras raras”, comentou Yuzo Yamaguchi, diretor da Divisão de Recursos Minerais do Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão.
Se concretizado, o acordo poderá colocar Goiás em uma posição de destaque no mercado global, não apenas como exportador de matéria-prima, mas também como polo de processamento e desenvolvimento tecnológico ligado às terras raras.

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