Médicos e psicólogos credenciados ao Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) iniciaram, nesta terça-feira (15), uma paralisação de 48 horas em todo o estado.
O movimento afeta diretamente os serviços de obtenção e renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), com exceção dos atendimentos considerados inadiáveis, que continuam sendo realizados conforme previsto em lei.
Paralisação dos médicos credenciados ao Detran

A decisão pela paralisação foi tomada em assembleia realizada nesta segunda-feira (14). Dos 147 psicólogos presentes, 140 votaram a favor da continuidade do movimento, cinco foram contrários e dois se abstiveram. A categoria alega defasagem nos valores pagos pelas consultas e cobra melhores condições de trabalho.
A paralisação ocorre um dia após reunião com representantes da categoria, na qual foi estabelecido um prazo de 30 dias para apresentação de propostas. Mesmo assim, os profissionais decidiram manter a suspensão dos atendimentos por mais dois dias como forma de pressionar por avanços nas negociações.
Atualmente, o valor repassado aos profissionais pelos exames médicos é de R$ 90, enquanto os exames , psicológicos são remunerados em R$ 100.
A proposta da categoria é reajustar os valores, sendo que os exames psicológicos comuns passariam a R$ 177,46 e os voltados à Autorização para Conduzir Ciclomotores (ACC), de R$ 65 para R$ 115. A atuação em juntas psicológicas subiria de R$ 135 para R$ 239,57.
Por meio de nota, o Sindicato dos Médicos do Estados de Goiás (Simego), afirmou ao Portal Dia que a paralisação é resultado de um movimento “legítimo, democrático e absolutamente necessário”. Segundo o sindicato, a mobilização foi deflagrada após diversas tentativas frustradas de diálogo com o Detran-GO e o Governo do Estado.
Já o Detran alegou que “sempre manteve canal aberto de diálogo com as entidades representativas, que por diversas vezes foram recebidas pela diretoria”.
Confira a nota completa do Simego

“O Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (SIMEGO), representante dos médicos credenciados ao Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (DETRAN-GO), vem a público esclarecer que a paralisação iniciada em 15 de julho de 2025 é resultado de um movimento legítimo, democrático e absolutamente necessário.
A deflagração da paralisação ocorreu após sucessivas tentativas frustradas de diálogo com os gestores do DETRAN-GO e com o Governo do Estado de Goiás, que permaneceram insensíveis às demandas apresentadas pela categoria médica.
O objetivo do movimento é garantir melhores condições de trabalho e a reposição das perdas inflacionárias acumuladas nos últimos nove anos, sem qualquer reajuste ou valorização da atividade exercida.
O valor pago pelos exames médicos, atualmente fixado em R$ 90,00 desde 2015, não cobre os custos operacionais, tributos, estrutura, e constante atualização técnica exigida dos profissionais. Esse valor é pago diretamente pelos candidatos, e está muito abaixo da média nacional, tornando a atividade economicamente insustentável para muitos médicos.
O DETRAN-GO se beneficia do trabalho técnico e especializado de médicos e psicólogos credenciados, que atuam com responsabilidade e compromisso com o serviço público e a população. No entanto, esses profissionais enfrentam precarização das condições de trabalho, ausência de vínculo empregatício, falta de direitos trabalhistas e remuneração congelada há quase uma década.
A categoria médica, por meio desta paralisação, reivindica dignidade, valorização e respeito. O movimento paredista é uma resposta proporcional e necessária diante da omissão prolongada do poder público.
O SIMEGO reafirma que permanece aberto ao diálogo, mas exige que os profissionais que representa sejam tratados com a seriedade e o respeito que merecem. Essa mobilização representa a voz coletiva de uma categoria negligenciada, que agora se levanta para exigir o que lhe é de direito”.
Confira a nota completa do Detran-GO
“O Detran-GO informa que os médicos e psicólogos credenciados paralisaram os atendimentos nos dias 15 e 16 de julho. O ato ocorreu um dia após reunião das associações de classe com o presidente da autarquia, na qual foi aprovado o prazo de 30 dias para que fossem apresentadas propostas.
O Detran-GO ressalta ainda que sempre manteve canal aberto de diálogo com as entidades representativas, que por diversas vezes foram recebidas pela diretoria.
A categoria reivindica aumento no valor da consulta, paga diretamente aos profissionais, e melhores condições de trabalho. O aumento no valor da consulta impacta diretamente no custo da CNH para a população, o que é considerado inaceitável.
A cada atendimento, o médico recebe R$ 90, pagos diretamente a ele pelo cidadão. Mesmo com carga horária reduzida (6h diárias ou 4h30 no Vapt Vupt), há casos de médicos que faturam até R$ 38.070 por mês, somando R$ 228.420 apenas no primeiro semestre de 2025.
Já os psicólogos recebem R$ 100 por atendimento. O pagamento também é feito direto ao profissional. Nos últimos seis meses, um psicólogo de Aparecida de Goiânia, por exemplo, recebeu R$ 19 mil de candidatos à habilitação encaminhados pelo Detran-GO. Cabe ressaltar que esses profissionais são credenciados, portanto, não são exclusivos e podem estabelecer sua própria carga horária.
A média diária de exames médicos no Estado é de 1.958 procedimentos, sendo 485 em Goiânia. A estrutura de trabalho nas unidades públicas inclui salas climatizadas e privativas, e nas clínicas, a infraestrutura é particular.
Mesmo com a paralisação, o atendimento nas unidade do Detran-GO continuam normalmente, com postergação apenas dos exames médicos e psicológicos”.