A Polícia Civil de Goiás concluiu o inquérito que apurava a morte da empresária Fábia Portilho, de 52 anos, em um hospital particular em Goiânia.
A vítima foi passou por procedimentos estéticos e, conforme a corporação, não recebeu assistência adequada, o que agravou o quadro clínico.
Investigações sobre a morte da empresária após procedimentos estéticos
A Polícia Civil concluiu que a morte da vítima está relacionada diretamente a complicações do procedimento cirúrgico e ao pós-operatório.
O laudo cadavérico apontou que Fábia faleceu em decorrência de choque obstrutivo, ocasionado por extenso tromboembolismo pulmonar gorduroso, quadro associado a choque séptico e hipovolêmico.

Conforme a corporação, a apuração evidenciou que houve falhas graves na assistência prestada à paciente, caracterizadas pela omissão na adoção de medidas imprescindíveis diante do agravamento do quadro clínico.
Dentre essas falhas, destacam-se a ausência de solicitação e realização, em tempo oportuno, de exames essenciais para o diagnóstico, a demora injustificada na administração de antibióticos e a não transferência imediata da vítima para unidade hospitalar dotada de estrutura compatível com a gravidade do caso, como UTI e tomografia.
Segundo a polícia, a análise dos fatos ainda pontou que os profissionais de saúde responsáveis, ao se depararem com os sinais claros do agravamento clínico da vítima, optaram por aguardar a evolução do quadro e a resposta a medidas paliativas, assumindo conscientemente o risco de que o desfecho pudesse ser fatal.
Diante disso, Polícia Civil concluiu pelo indiciamento de dois profissionais por homicídio culposo, uma vez que ambos, embora previssem a possibilidade do resultado morte, confiaram de forma imprudente que ele não ocorreria, deixando de adotar as medidas cabíveis e necessárias para evitar o óbito.
Entenda o caso
Fábia Portilho, de 52 anos, morreu no dia 7 de maio de 2024, após complicações decorrentes de procedimentos cirúrgicos. Ela fez mamoplastia e lipoaspiração no dia 3 de maio e recebeu alta dois dias depois.
No dia 5, a mulher começou a sentir fortes dores na região abdominal e voltou ao hospital no final do dia 7, quando foi internada. Segundo relatos de um familiar, os médicos de plantão não a examinaram ou pediram tomografia.
No local, ela teria tomado bolsas de sangue e, após troca de plantão, uma médica viu a infecção grave e solicitou a internação na UTI. Entretanto, o local não contava com estrutura e pediu encaminhamento para outra unidade. Os familiares optaram por levá-la por conta própria, mas ela não resistiu.

Nota da defesa do cirurgião
A defesa técnica informa que o indiciamento noticiado decorre de procedimento ainda em fase investigativa, sem oferecimento de denúncia ou formação de culpa. O óbito ocorrido, embora profundamente lamentável, trata-se de uma fatalidade decorrente de complicação grave, porém reconhecida, associada a cirurgias plásticas extensas – riscos esses previamente esclarecidos e consentidos.
Não há, até o momento, qualquer evidência de conduta dolosa ou negligência por parte dos profissionais envolvidos. A defesa confia plenamente no devido processo legal e na apuração isenta dos fatos, oportunidade em que serão prestados todos os esclarecimentos nos autos competentes
Nota do médico plantonista
O advogado Corby Eduardo Pereira Borba, OAB/GO 55.988, constituído como defensor do médico Dr. Eduardo Lima de Melo Júnior, vem a público esclarecer que, até o presente momento, não foi franqueado o acesso integral ao inquérito policial que apura os fatos relacionados ao óbito da paciente Sra. Fábia Partilho, ocorrido após procedimento cirúrgico estético.
Todavia, é imprescindível informar que a atuação do Dr. Eduardo Melo se restringiu exclusivamente ao período pós-operatório, ocasião em que adotou todas as condutas médicas necessárias e compatíveis com a boa prática médica, incluindo a solicitação de exames e monitoramento do quadro clínico da paciente.
Importante ressaltar que, quando os resultados dos exames foram disponibilizados, o acompanhamento da paciente já estava sob responsabilidade do médico que realizou o procedimento cirúrgico, não mais cabendo ao Dr. Eduardo qualquer decisão clínica direta naquele momento.
Dessa forma, não há qualquer elemento concreto que justifique o enquadramento do médico no crime de homicídio culposo, especialmente porque não houve omissão, imperícia, imprudência ou negligência na conduta adotada. Ao contrário, todas as providências ao seu alcance foram devidamente executadas com base na ciência médica e nos protocolos clínicos indicados ao caso.
O Dr. Eduardo Lima de Melo Júnior permanece à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários e rearma seu compromisso com a ética, a responsabilidade profissional e o respeito à vida.
Nota do hospital
O Hospital informa que tomou conhecimento, por meio da imprensa, da conclusão do inquérito policial que apura as circunstâncias do falecimento da paciente Fábia Portilho, ocorrido em maio de 2024.
Desde o início das investigações, o hospital prestou total colaboração às autoridades competentes, fornecendo prontuários, imagens e informações solicitadas, com absoluta transparência e boa-fé institucional.
A instituição reitera que dispõe de estrutura técnica compatível com os procedimentos realizados, com equipe médica especializada, suporte clínico completo e recursos para estabilização e monitoramento de pacientes no pós-operatório.
Durante todo o atendimento, foram adotadas condutas médicas baseadas em critérios técnicos, conforme os dados clínicos disponíveis e avaliações multiprofissionais. Em nenhum momento houve omissão estrutural ou insuficiência de meios por parte da instituição.
As decisões relativas à condução do caso, incluindo a eventual necessidade de transferência da paciente, são de natureza exclusivamente médica, tomadas por profissionais devidamente habilitados, dentro de sua autonomia técnica.
A eventual discussão sobre o acerto ou não dessas decisões será conduzida nos foros próprios, com observância do contraditório e da ampla defesa.
O Hospital manifesta profundo respeito pela memória da paciente e solidariedade à sua família, lamentando profundamente o desfecho trágico do caso, rearmando seu compromisso histórico com a medicina ética, a segurança do paciente e o aperfeiçoamento contínuo dos processos assistenciais.
Aguarda-se com serenidade a manifestação do Ministério Público e o regular processamento judicial, confiando plenamente na atuação do Poder Judiciário.
Adriano Ferreira Guimarães – advogado