Um desabamento no lixão de Padre Bernardo, no Entorno do Distrito Federal, provocou a contaminação de cursos d’água da região, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad).
O incidente ocorreu na quarta-feira (18/6), quando uma grande pilha de resíduos cedeu, atingindo o córrego Santa Bárbara e, posteriormente, o rio do Sal.
De acordo com a secretária estadual do Meio Ambiente, Andréa Vulcanis, o material despejado — centenas de toneladas de lixo — causou danos ambientais severos.
“Aqui a situação está muito crítica, muito grave. Foram centenas de toneladas de lixo que desceram e atingiram o curso d’água. Esse chorume provoca muitos impactos ambientais, são danos gravíssimos”, disse.
A Semad informou que o lixão vinha sendo alvo de autuações desde 2016 por operar sem licença ambiental e descartar resíduos de forma irregular. Apesar das diversas sanções e embargos administrativos, o local continuava em funcionamento.
“A sensação aqui é de indignação. Seguimos com todas as medidas administrativas e judiciais para impedir que isso continue acontecendo”, afirmou a secretária.

Água imprópria e risco à saúde
Com a contaminação dos corpos hídricos, a Semad alertou que a água do córrego Santa Bárbara e do rio do Sal não deve ser utilizada para consumo humano, criações ou irrigação. Ainda que não haja risco ao abastecimento público de Brasília, propriedades rurais da região dependem desses mananciais para atividades essenciais.
Laudos preliminares apontam a presença de chorume nos cursos d’água. A pilha de resíduos ainda apresenta risco de novos desabamentos, o que pode ampliar os impactos ambientais. Equipes da secretaria permanecem em campo para monitorar a situação e tomar medidas emergenciais.

Judicialização e embargos revertidos
Segundo a Semad, a primeira autuação contra o lixão foi aplicada em 2016. Desde então, foram emitidos sete autos de infração e múltiplos embargos. Mesmo assim, a operação foi mantida por decisões judiciais. A pasta destacou que, só em 2024, duas novas penalidades foram aplicadas pelo descumprimento das exigências ambientais.
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) e o Ministério Público Federal (MPF) também tentam barrar judicialmente o funcionamento do lixão. Uma ação civil pública foi ajuizada em 2021 pedindo a interdição definitiva do local, mas a liminar obtida foi posteriormente cassada.
Após o desabamento, a Prefeitura de Padre Bernardo informou ter notificado os órgãos estaduais e federais e solicitou à Semad a adoção urgente de providências legais. Em nota, a administração municipal reafirmou o compromisso com a saúde da população e com a preservação ambiental.
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