Um homem suspeito de envolvimento com a manipulação de resultados de jogos de futebol teria oferecido R$ 500 mil ao presidente do Goianésia Esporte Clube, Marco Antônio Maia, sem saber que ele também é delegado.
A proposta era para que o dirigente influenciasse resultados de partidas do próprio time no Campeonato Goiano, ou indicasse outro clube goiano da Série D do Brasileirão que topasse participar do esquema.
“Ele ofereceu quantias elevadas para que o presidente do Goianésia interferisse em partidas do próprio time no campeonato goiano, ou que conseguisse algum time goiano que disputasse a série D”, detalhou o delegado Eduardo Gomes, um dos responsáveis pelo caso.
A Polícia Civil não informou quais jogos teriam sido alvo de manipulação.
Esquema usava apostas online
A partir da denúncia, a Polícia Civil de Goiás deflagrou a Operação Jogada Marcada, coordenada pelo Grupo Antirroubo a Banco (GAB), da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic).
A ação foi realizada na manhã desta quarta-feira (9), com o cumprimento de 16 ordens judiciais, sendo nove mandados de busca e apreensão e sete de prisão temporária.
A investigação descobriu uma organização criminosa com atuação em vários estados e até fora do Brasil. Segundo a Polícia Civil, os criminosos movimentaram ao menos R$ 11 milhões com manipulação de resultados e apostas online.
“Eles pegam os valores investidos por estes financiadores e com a certeza de que o resultado vai acontecer, realizam grandes apostas nas casas de apostas online, tendo um retorno até três vezes maior que o valor investido”, explicou o delegado Eduardo Gomes, que acompanha o caso.
O grupo era dividido em três núcleos: financiadores, aliciadores e profissionais do esporte — entre eles jogadores, técnicos e dirigentes de clubes.

Ex-árbitro preso e mais envolvidos identificados
Entre os presos está um ex-árbitro, detido em João Pessoa (PB). Ele já havia sido afastado do futebol profissional durante a Operação Cartola, em 2018, mas continuava atuando como árbitro amador e mantinha contato com o meio esportivo.
A polícia também identificou como investigados o presidente de um clube da Federação Cearense de Futebol e dois ex-jogadores. Os nomes dos demais suspeitos não foram divulgados até o momento, por isso a defesa não foi localizada.
Clube se posiciona sobre manipulação no futebol
Em nota oficial, o Goianésia Esporte Clube repudiou qualquer tentativa de manipulação de resultados e reforçou que não compactua com práticas que prejudiquem a integridade do futebol. O clube afirmou ainda que segue colaborando com as investigações.
“O Goianésia Esporte Clube vem a público manifestar seu total repúdio a qualquer tentativa de manipulação de resultados no futebol brasileiro.
Em 2023, o presidente do Conselho do Goianésia, Marco Antônio Maia, recebeu uma proposta de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para que o clube participasse de um esquema de manipulação de partidas do Campeonato Goiano. Diante da gravidade do fato e do compromisso ético que temos com o esporte, ele imediatamente comunicou as autoridades competentes, contribuindo diretamente para o desencadeamento da Operação Carta Marcada, deflagrada nesta quarta-feira, 9 de abril, pela Polícia Civil.
É importante ressaltar que, sendo também delegado de polícia, por questões de transparência e imparcialidade, Marco Antônio Maia optou por não conduzir pessoalmente a investigação, garantindo assim a integridade do processo.
O Goianésia Esporte Clube reafirma seu compromisso com a ética, a honestidade e o respeito ao futebol brasileiro. O clube não compactua com nenhuma prática que prejudique a integridade das competições e continuará colaborando com as investigações para que todos os responsáveis sejam devidamente identificados e punidos.
Seguimos firmes na defesa de um futebol limpo, competitivo e digno de sua torcida.
Marco Antônio Maia – Presidente do Conselho”
