O paciente em surto que fez uma enfermeira refém em um hospital de Morrinhos, foi atingido com disparos no abdômen.
Segundo o comandante do 36º Batalhão da Polícia Militar de Morrinhos, tenente-coronel Werik Ramos, a intenção do policial era acertar os membros inferiores do paciente.
Em entrevista à TV Anhanguera, o comandante detalhou que os disparos eram para atingir as pernas, para imobilizar, entretanto, o paciente se curvou o tiro acabou perfurando o abdômen.
O tenente-coronel Werik Ramos ainda destacou que, no momento do disparo, a vítima tentava se desvencilhar do paciente. Um vídeo mostra o momento:
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Família do paciente
A família do paciente Luiz Cláudio, de 59 anos, divulgou uma carta pública apontando que ele foi executado de forma cruel e também questionou a conduta dos militares e da equipe de saúde.
Um trecho da carta ainda aponta que o paciente estava fisicamente enfraquecido, mas ainda sim foi rendido e imobilizado.
“Mesmo nessas condições, foi pisoteado e executado à queima-roupa por dois policiais, de forma desproporcional, cruel e absolutamente inadmissível.”, destacou. (Confira a íntegra no final do texto)
Luiz Cláudio estava internado há três dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Municipal de Morrinhos, onde fazia tratamento renal.
Após o surto, que aconteceu no último sábado (18), Luiz chegou a receber atendimento médico, mas não resistiu aos ferimentos. Na ocasião, ele ameaçava uma enfermeira com um pedaço de vidro.
Em nota, a Polícia Militar destacou que foram aplicados procedimentos para tentar liberar a enfermeira, mas foi necessária a realização de um disparo para resguardar a vida da refém. Além disso, informou que foi instaurado um procedimento administrativo para apurar os fatos. (Confira a íntegra no final do texto)
A Prefeitura de Morrinhos também lamentou o ocorrido e afirmou que está à disposição para esclarecer os fatos.
Carta da família na íntegra
“A família de Luiz Cláudio Dias vem a público, por meio desta nota, pedir à imprensa que trate o caso com o máximo de responsabilidade, ética e empatia, evitando títulos sensacionalistas que possam distorcer os fatos ou agravar ainda mais a dor de quem já enfrenta um momento de luto profundo. É essencial que o trabalho de informar a sociedade seja conduzido com compromisso com a verdade, respeito ao contexto e sensibilidade, considerando que o ocorrido representa não apenas uma tragédia pessoal, mas também uma grave falha institucional.
Luiz Cláudio, de 59 anos, era um paciente renal crônico, diabético, debilitado por pneumonia e internado na UTI de Morrinhos/GO em estado de extrema fragilidade.
Em um momento de surto hipoglicêmico, ele ameaçou uma enfermeira com um caco de vidro. A família lamenta profundamente o medo vivido pela profissional de saúde e manifesta sua solidariedade, reafirmando que nenhum trabalhador deveria passar por situações que coloquem em risco sua segurança.
Entretanto, é imprescindível contextualizar os fatos de maneira justa e equilibrada. Luiz Cláudio, fisicamente enfraquecido, foi rendido e imobilizado. Mesmo nessas condições, foi pisoteado e executado à queima-roupa por dois policiais, de forma desproporcional, cruel e absolutamente inadmissível. A conduta esperada da equipe de saúde e da força policial era outra: técnica, responsável, humana e proporcional à situação, o que poderia ter evitado essa tragédia.
A família reforça que buscará por justiça, para que os responsáveis por essa violência brutal sejam responsabilizados e para que o caso se torne um marco na reflexão sobre as falhas do poder público em lidar com situações de crise envolvendo pessoas vulneráveis.
Não apenas Luiz Cláudio foi negligenciado; a segurança da enfermeira e de todos os envolvidos também foi colocada em risco por ações e omissões que demonstram imprudência, negligência e imperícia do Estado.
A imprensa desempenha um papel indispensável na construção de uma sociedade mais justa e informada. Por isso, pedimos que a cobertura desse caso seja feita com ética e comprometimento, sem sensacionalismo, e que a memória de Luiz Cláudio não seja reduzida a um estigma ou a uma narrativa incompleta. Ele era uma pessoa com história, família, e uma vida marcada pela luta contra problemas de saúde severos.
Por fim, a família agradece às pessoas que têm demonstrado solidariedade nesse momento de dor e clama por respeito à memória de Luiz Cláudio e ao nosso luto. Que essa tragédia sirva para promover mudanças que evitem novas vidas perdidas pela falta de preparo e humanidade nas respostas do Estado.
Família de Luiz Cláudio Dias
19 de Janeiro de 2025.”
Nota da Polícia Militar na íntegra
“A Polícia Militar de Goiás informa que, na noite de sábado (18), uma equipe do 36º Batalhão da Polícia Militar atendeu uma ocorrência no Hospital Municipal de Morrinhos, onde um paciente, em surto psicótico, manteve uma técnica de enfermagem refém na UTI, ameaçando-a com um objeto perfurocortante (pedaço de vidro).
Após a chegada dos policiais, foram iniciados protocolos de gerenciamento de crises para liberar a vítima. Apesar das tentativas de verbalização para que o autor liberasse a vítima, ele permaneceu em atitude agressiva e reiterou as ameaças.
Diante do risco iminente a vítima, foi necessário a realização de um disparo de arma de fogo para neutralizar a agressão e resguardar a integridade física da refém.
Mesmo alvejado, o autor continuou resistindo, sendo necessária a sua contenção pelos demais policiais militares. A equipe médica prestou socorro imediato, mas infelizmente ele não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.
A ocorrência foi acompanhada pelo delegado plantonista, que conduzirá as investigações cabíveis.
A corporação informa que foi instaurado um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar detalhadamente as circunstâncias da ocorrência, assegurando transparência e o cumprimento dos procedimentos legais.”
- Mais sobre o caso: Paciente é morto após fazer técnica de enfermagem refém em hospital de Goiás