A Polícia Civil de Goiás (PCGO) deflagrou uma nova operação nesta terça-feira (17) que investiga desvio de aproximadamente R$ 10 milhões na Secretaria de Saúde de Goiânia.
Ao todo, são cumpridos cinco mandados de prisão e 17 mandados de busca e apreensão em Goiânia e Anápolis. Segundo a polícia, entre os alvos dos mandados de prisão estão o ex-secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, e o ex-secretário executivo de Saúde, Quesede Ayres.
Pollara e Quesede já haviam sido presos em uma operação no dia 27 de novembro, que também investigava desvio de recursos na pasta. Eles deixaram a prisão há cerca de dez dias.
Entre os novos alvos desta operação estão diretores, superintendentes e outros servidores ligados à Secretaria de Saúde, além de outros supostos envolvidos ligados à uma associação privada sem fins lucrativos.
Ao todo, quase 100 policiais civis estão nas ruas para cumprir as medidas judiciais da operação denominada como “Speedy Cash”.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esclareceu “que cumprirá com todas as determinações judiciais e colabora com o fornecimento de informações e documentos necessários para garantir que todos os procedimentos sejam devidamente esclarecidos, reforçando a integridade do serviço público.”
Entenda como funcionada o esquema de desvio na Secretaria de Saúde de Goiânia
Segundo a Polícia Civil, o desvio de recursos públicos teria sido praticado por meio de uma associação criminosa, decorrente de fraude em Convênio celebrado entre a Secretaria Municipal de Saúde e uma empresa responsável pela prestação de serviços nessa área.
Conforme as investigações, o contrato teria sido voltado para a aquisição de equipamentos para saúde móvel, palestras e pesquisa sobre acessibilidade, além da avaliação do microbioma intestinal em pacientes com Doença de Crohn grave submetidos ao Transplante não mieloablativo de células-tronco hematopoéticas.
A polícia identificou que o grupo atuava por meio de dois núcleos criminosos, o intraneus e extraneus, com atuação dentro da secretaria e da associação.
Os denominados intraneus eram compostos por agentes públicos da pasta, que teria agido para celebrar o convênio e o suposto desvio de R$ 10 milhões de recursos públicos. Já os extraneus eram pessoas vinculadas à associação privada, responsáveis pela apropriação do montante.
Posteriormente, segundo a corporação, o presidente da associação que recebeu os valores teria se apropriado de mais de R$ 2,6 milhões por meio de transferências para uma conta bancária de mesma titularidade da associação. Entretanto, a conta era diferente da que foi criado para movimentação dos recursos do convênio.
Além disso, a investigação apontou que foi desviado R$ 6,4 milhões para uma terceira empresa, supostamente uma fornecedora de materiais hospitalares.
Conforme a polícia, após receber o valor, a sócia administradora da empresa teria feito transferências para sua conta pessoal, iniciando uma sequência de saques de valores em espécie que ultrapassam R$ 1 milhão. Ainda não há rastos do destino desse dinheiro, mas a polícia acredita que ele possa ter retornado aos investigados.
Defesa de Wilson Pollara
“A defesa de Wilson Modesto Pollara informa que ainda não obteve acesso aos autos e que, tão logo esteja de posse dos elementos informativos referentes à operação deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), emitirá um posicionamento formal e fundamentado. Diante do histórico de Pollara, que registra mais de cinco décadas de exercício da medicina e de cargos públicos na área de saúde sem máculas, marcadas por notória contribuição técnica, social e acadêmica, a defesa reafirma seu compromisso com a verdade e com o pleno respeito ao contraditório e ao devido processo legal, certa de que a inocência de seu cliente será devidamente reconhecida no curso das apurações.”
O Portal Dia entrou em contato com a associação privada envolvida para um posicionamento, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Também aguardamos posicionamento da defesa dos outros investigados.
Comando da pasta
Após a prisão de Pollara, dois secretários assumiram a pasta, mas deixaram os cargos dias depois. A primeira foi Cynara Mathias, que saiu uma semana após a nomeação, alegando motivos pessoais. Depois, Pedro Goia assumiu, mas também deixou o cargo 12 dias após tomar posse, destacando que a intervenção na gestão da saúde da capital deixou seu cargo dispensável.