A Polícia Civil de Goiás (PCGO) concluiu o inquérito que investiga a morte da influenciadora Aline Maria Ferreira, de 33 anos, após a realização de um procedimento para aumentar o bumbum.
A conclusão resultou no indiciamento da dona da clínica onde o procedimento foi realizado, em Goiânia. Segundo a PCGO, ela era uma falsa biomédica.
Inicialmente, o caso era tratado como lesão corporal com resultado morte, mas ao longo da investigação a tipificação do crime mudou, passando para homicídio com dolo eventual, pois, segundo a polícia, ela sabia que a ação poderia resultar na morte de alguém.
Além disso, a empresária ainda deve responder por outros quatro crimes: exercício ilegal da medicina, indução do consumidor ao erro, execução de serviço de alta periculosidade e falsificação de produtos farmacêuticos.
Conforme as investigações, a mulher estava comprando produtos sem selos, que não são autorizados pela Anvisa, no Paraguai para aplicação durante os procedimentos na clínica.
A investigação durou três meses e, conforme a delegada Débora Melo, responsável pelo caso, ainda foi descoberto que a empresária esteve em uma festa horas antes de fazer o atendimento da influenciadora.
“Na véspera do atendimento da Aline, a indiciada possou a noite em uma festa, possivelmente ingeriu bebidas alcoólicas e ela atendeu Aline em estado de privação de sono. O atendimento da Aline durou menos de 20 minutos.”, disse.
A delegada ainda destacou que a falsa biomédica orientou a digital influencer a não procurar atendimento após sentir dores.
“Ela disse que todas as circunstâncias que Aline estava sofrendo eram naturais e ela não foi para o hospital. Aline só deu entrada na quinta-feira, três dias de demora no atendimento médico, que poderiam ter salvado a vida dela.”, ressaltou.
Agora, a empresária está em prisão domiciliar aguardando julgamento e pode ir à júri popular, por causa da mudança na tipificação do crime.
O Portal Dia não conseguiu contato com a defesa da investigada até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.
Morte de influenciadora que fez procedimento no bumbum
A influenciadora morreu no dia 2 de julho, em Brasília, nove dias após o preenchimento nos glúteos. O procedimento foi feito em Goiânia, no dia 23 de junho.
Segundo as investigações, o produto aplicado em Aline foi retirado de potes que estavam dentro da bolsa da falsa biomédica e que as seringas foram então enchidas com esse material, cuja apresentação é totalmente distinta do PMMA legítimo. (Confira a nota da fabricante no final do texto)
Após a aplicação do PMMA no bumbum, Aline voltou para Brasília com o marido e, no mesmo dia, já sentia muitas dores. Com o passar dos dias, as dores se intensificaram e influenciadora começou a sentir febre.
Três dias depois, Aline piorou e desmaiou. Neste dia, procurou atendimento no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde ficou por um dia, pois a unidade não tinha Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Depois, Aline foi transferida para um hospital particular da Asa Sul. Na unidade, ela foi entubada e teve duas paradas cardíacas. Ela morreu no dia 2 de julho e o sepultamento foi realizado no dia 4.
Aline pagou R$ 3 mil para realizar três sessões de aplicação do produto, mas morreu após a primeira sessão.
Fabricante de PMMA
“Os fabricantes das marcas de PMMA no Brasil informam que: O PMMA possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, o qual é obtido somente após rigorosa análise da agência acerca das boas práticas de fabricação e estudos clínicos de segurança e eficácia. Apenas médicos estão autorizados a ofertar procedimentos de preenchimento com PMMA.
O modus operandi dos clandestinos para atrair vítimas consiste em anunciar procedimentos com PMMA, porém com um valor muito aquém de qualquer serviço minimamente seguro, o que por si só é capaz de levantar a suspeita de uso de produtos adulterados, falsificados ou totalmente incompatíveis com o uso médico, como é o caso do silicone industrial.
As investigações do caso da morte da influencer ALINE MARIA FERREIRA apontam que produto que lhe foi injetado foi retirado de potes da bolsa da falsa biomédica e que as seringas foram então enchidas com esse material, cuja apresentação é totalmente distinta do PMMA legítimo, o qual é vendido exclusivamente a médicos.
É perceptível que o óbito ocorreu em razão do mercado clandestino de estética e não do produto PMMA, pois (1) a influencer se submeteu aos cuidados de uma pessoa sem qualquer formação na área de saúde; (2) a clínica não possuía alvará sanitário; (3) o valor pago pelo procedimento, conforme depoimento do viúvo estava muito aquém de qualquer procedimento que pudesse ser feito por estetas e (4) o marido da vítima e outra testemunha já confirmaram não ter sido PMMA o produto utilizado, em razão da apresentação do mesmo.
Lamentamos profundamente que mais uma jovem tenha perdido a vida para o mercado clandestino de procedimentos estéticos e alertamos a população que apenas médicos devidamente habilitados e que demonstrem possuir alvará sanitário estão autorizados a comprar PMMA.
Ressaltamos ainda o nosso compromisso com a verdade baseada em ciência e evidências e combatemos fortemente o uso do nome do produto PMMA em fake News que induz a população a erro e pânico, submetendo-se cada vez mais a procedimentos clandestinos colocando a vida e a saúde em risco.”