A Polícia Civil de Goiás (PCGO) deflagrou, na manhã desta segunda-feira (30), uma operação que mira uma organização criminosa suspeita de cometer fraudes para receber benefícios de vítimas do acidente com Césio-137.
Segundo as investigações, a quadrilha teria causado prejuízo que pode ultrapassar R$ 20 milhões.
No total, três mandados de prisão e 11 de busca e apreensão estão sendo cumpridos pela corporação contra os investigados. A polícia ainda não divulgou como as fraudes eram cometidas e nem o nome dos investigados.
O acidente com Césio-137, ocorrido em 1987, é considerado o maior acidente radiológico do mundo fora de uma usina nuclear. Em alusão, a operação foi batizada de “Fraude Radioativa”.
De acordo com o governo estadual, os benefícios, como pensões vitalícias, são pagos para pessoas que trabalharam no acidente, especialmente aquelas que desenvolveram patologias causadas pela exposição à radiação.
A operação policial conta com membros da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (DEIC), por meio do Grupo de Repressão a Roubos (GARRA), e a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (DERCAP), além da Procuradoria Geral do Estado (PGE).
Acidente com Césio-137
O acidente com o Césio-137 aconteceu em Goiânia, capital de Goiás. Tudo começou quando catadores de recicláveis encontraram um equipamento de radioterapia em uma clínica desativada. O aparelho foi levado para um ferro-velho, onde funcionários abriram a cápsula que continha o material radiativo.
O pó emitido pelo Césio-137, com um brilho intenso, chamou a atenção dos trabalhadores, que passaram a convidar amigos e familiares para ver o fenômeno.
O contato direto com a substância causou doenças em muitas pessoas e resultou na morte de quatro delas. A capital goiana permaneceu contaminada por 16 dias, com uma estimativa de 6,5 mil pessoas afetadas com algum grau de radiação.
O material radioativo só foi descoberto pelas autoridades depois que a esposa do dono do ferro-velho levou até a sede da Vigilância Sanitária Estadual.
As áreas onde o material foi manipulado e as cápsulas abertas tiveram que ser demolidas, e as vítimas do acidente foram enterradas em caixões de chumbo, pesando 700 quilos, para evitar a propagação da radiação ao solo.
Até hoje, vítimas diretas e indiretas que foram contaminadas pela radiação recebem pensão e/ou indenização.