A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) informou que o rotavírus é o principal causador do surto de diarreia aguda no estado. Até o momento, 74 municípios contam com casos ativos.
Conforme a pasta, já foram notificados 12.205 casos da doença nos municípios. Em relação aos casos isolados, são 160.417 em todos os municípios do estado em 2024.
Dados da pasta apontam que, em junho a positividade das amostras do vírus era de 8,5%, mas passou para 57% em julho.
“Isso nos ajuda a afirmar o que está acontecendo em Goiás. Tem a predominância do rotavírus como agente causador das doenças diarreicas aqui no estado.”, destacou a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim.
Rotavírus: transmissão, incubação e diagnóstico
O rotavírus (rotavirose) é transmitido principalmente pela via fecal-oral. Isso pode ocorrer por meio de contato direto de pessoa a pessoa, ingestão de água ou alimentos contaminados, contato com objetos contaminados e até mesmo pela propagação aérea através de aerossóis. O vírus é encontrado em altas concentrações nas fezes de crianças infectadas.
O período de incubação do rotavírus é, em média, de dois dias. Quanto à transmissibilidade, a excreção viral atinge seu pico nos 3º e 4º dias após o início dos sintomas. No entanto, é possível detectar o vírus nas fezes dos pacientes mesmo depois da completa resolução da diarreia.
Nos serviços públicos de saúde, o diagnóstico de rotavírus é realizado através da coleta de amostra de fezes frescas (in natura), com um volume aproximado de 5 a 10 ml, sem a adição de conservantes. A amostra deve ser armazenada em um frasco ou pote com tampa rosqueada, devidamente identificado, e enviada ao laboratório da rede pública para análise.
Em casos de suspeita de infecção por rotavírus, é fundamental realizar um diagnóstico diferencial abrangente, considerando todos os microrganismos que podem causar doenças diarreicas agudas. Por isso, recomenda-se a coleta simultânea de amostras de fezes para análise viral, bacteriana e parasitológica.
Sintomas, tratamento e prevenção
Um dos primeiros sintomas da infecção pelo rotavírus é o vômito repentino, especialmente em crianças entre seis meses e dois anos de idade. Outros sintomas comuns incluem febre alta e diarreia com aspecto aquoso, gorduroso e explosivo.
Embora as formas mais graves da doença ocorram principalmente em crianças, o rotavírus pode apresentar formas leves e subclínicas em adultos, além de ser frequentemente assintomático em recém-nascidos e em bebês até os quatro primeiros meses de vida. Em casos mais graves, o rotavírus pode causar desidratação, febre e morte.
O tratamento deve focar na reposição adequada de líquidos e minerais para prevenir ou corrigir a desidratação, além de um manejo nutricional apropriado. Após uma avaliação clínica detalhada do paciente, o tratamento deve seguir o protocolo de Manejo das Doenças Diarreicas Agudas, que inclui:
- Correção da desidratação e do desequilíbrio eletrolítico;
- Combate à desnutrição;
- Uso adequado de medicamentos;
- Prevenção de complicações.
Entre as medidas de prevenção estão a administração da vacina para rotavírus humano G1P1[8] (atenuada) em crianças menores de seis meses. Outras ações incluem práticas de higiene e consumo adequado de alimentos, como:
- Lavar sempre as mãos antes e depois de utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular/preparar os alimentos, amamentar, tocar em animais;
- Lavar e desinfetar as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos;
- Proteger os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais (guardar os alimentos em recipientes fechados);
- Guardar a água tratada em vasilhas limpas e de boca estreita para evitar a recontaminação;
- Não utilizar água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados;
- Ensacar e manter a tampa do lixo sempre fechada. Quando não houver coleta de lixo, este deve ser enterrado;
- Usar sempre a privada, mas se isso não for possível, enterrar as fezes sempre longe dos cursos de água;
- Manter o aleitamento materno (aumenta a resistência das crianças contra as diarreias), evitando o desmame precoce.
