O goleiro do Grêmio Anápolis, Ramón Souza, que foi baleado com uma bala de borracha por um policial militar (PM), após uma partida de futebol em Goiás, poderá ficar até quatro meses fora de campo, sem jogar.
Ramón teve uma queimadura e um ferimento na perna causado pela bala de borracha. Entretanto, apesar da lesão grave, ele deve se recuperar bem.
Segundo o médico o clube, Diego Bento, a lesão queimou a pele e atingiu o músculo reto femoral, que é importante para os jogadores no momento do chute, conforme explicou o médico ao G1.
O profissional detalha que após o episódio, o local do ferimento foi lavado, mas pode ter ficado com resquícios de plástico, o que pode causar uma infecção.
Bento explica que, como a lesão é grave, pode ocorrer complicações no decorrer da recuperação, mas o prognóstico é bom, pois o goleiro é jovem e tem histórico de boa recuperação.
Em entrevista, o goleiro falou sobre o episódio e relatou que está com o psicológico abalado. Além disso, relatou que pediu para que o policial abaixasse a arma.
“Ele empurrou um dos nossos atletas e apontou a arma em direção ao rosto dele. Foi o momento em que eu vi e pedi para ele abaixar a arma. Ele pegou, falou ‘vai para trás’ e quando eu dei um passo para trás ele efetuou o disparo. Nem acreditei. Na hora eu me desesperei um pouco. A gente fica abalado psicologicamente pela situação”.
Em nota, a Federação Goiana de Futebol (FGF) lamentou o ocorrido e afirmou que cenas como essa não podem fazer parte do futebol, principalmente do âmbito profissional. (Confira a íntegra no final do texto)
O Ministério do Esporte também repudiou a ação, que considerou desproporcional e violenta. Além disso, argumentou que a conduta do policial vai contra os princípios básicos de segurança e integridade física que devem ser garantidos a todos os envolvidos no esporte. (Nota no final do texto)
Entenda o caso do goleiro que foi baleado por PM
O goleiro Ramón Souza foi baleado com uma bala de borracha por um policial militar após uma partida da equipe contra o Centro-Oeste, pela 12ª rodada da Divisão de Acesso do Campeonato Goiano, na noite desta quarta-feira (10), em Anápolis.
O caso aconteceu logo após o término do jogo, em Anápolis, quando as duas equipes discutiam na beirada do campo. Os policiais estavam no local separando a confusão.
Em determinado momento, um dos militares empurrou um jogador do Grêmio Anápolis e o goleiro foi tirar satisfação. Em seguida, o policial apontou a arma e disparou na perna do atleta.
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Nota da FGF
“A Federação Goiana de Futebol (FGF) vem à público lamentar o fato ocorrido nesta última quarta-feira (10) ao término da partida Grêmio Anápolis x Centro Oeste, no estádio Jonas Duarte, em Anápolis, pela 12ª rodada da Divisão de Acesso.
Acreditamos que cenas como essa não devem fazer parte do cenário do futebol, principalmente em âmbito profissional. Como entidade desportista, prezamos e incentivamos sempre às nossas agremiações filiadas as boas práticas esportivas e o respeito ao jogo e aos adversários.
Mais uma vez lamentando o fato, reiteramos também nossa confiança nos órgãos de segurança pública do Estado de Goiás, ressaltando com a devida importância que a PM já abriu Inquérito Policial Militar (IPM) para averiguação dos fatos.
Devido à parceria de longa data, com a atuação da PM em inúmeros jogos goianos ao longo dos anos, acreditamos na eficácia dos processos da Corregedoria da Polícia Militar a fim de repreender fatos e condutas inapropriadas.
Por fim, nos solidarizamos com o goleiro Ramón Souza e sua família e desejamos uma pronta recuperação, para que o mesmo possa retornar o mais breve possível aos gramados. Nos colocamos também à disposição do filiado Grêmio Esportivo Anápolis para qualquer eventual necessidade.”
Nota do Ministério do Esporte
“É com grande consternação que o Ministério do Esporte tomou conhecimento dos lamentáveis acontecimentos ocorridos durante a partida de futebol entre Grêmio Anápolis e Centro Oeste, pela 12ª rodada da Divisão de Acesso do Campeonato Goiano. A ação desproporcional e violenta por parte da Polícia Militar, que culminou no disparo de uma bala de borracha contra o goleiro Ramón Souza, é inaceitável e deve ser veementemente repudiada. Este tipo de conduta vai contra os princípios básicos de segurança e integridade física que devem ser garantidos a todos os envolvidos no esporte.
Nos solidarizamos com o jogador, vítima desta ação desmedida, e com toda a equipe do Grêmio Anápolis, que presenciou e sofreu os impactos deste ato de violência. É inadmissível que profissionais do esporte, que dedicam suas vidas à prática e promoção do futebol, sejam expostos a situações de tamanha agressividade. Este episódio reforça a necessidade urgente de uma revisão nos procedimentos, garantindo que a atuação policial seja sempre pautada pelo respeito aos direitos humanos e pela proteção dos indivíduos.
Reiteramos nossa confiança na capacidade das autoridades competentes em conduzir uma investigação rigorosa e transparente, que leve à responsabilização dos envolvidos e à implementação de medidas que impeçam a repetição de tais fatos. É imperativo que se restabeleça a confiança na atuação policial, assegurando que episódios de violência não se tornem uma constante nos campos de futebol.
Por fim, destacamos nosso compromisso com a promoção de um ambiente seguro e justo para todos os profissionais e amantes do esporte. Continuaremos lutando por um futebol onde o respeito, a segurança e a integridade física e moral de todos sejam prioridades absolutas, reafirmando nossa posição contra qualquer forma de violência e abuso.”
Nota do Grêmio Anápolis
“O Grêmio Anápolis vem a público repudiar o lamentável, ridículo, revoltante acontecimento, no Estádio Jonas Duarte, na noite desta quarta-feira (10). Após o final da partida contra a equipe do Centro Oeste, nosso goleiro Ramón Souza foi atingido de forma covarde por um tiro de bala de borracha, efetuado por um policial da Companhia de Policiamento Especializado (CPE).
Um ato horrível, inacreditável e criminoso de alguém que deveria prezar pela segurança e integridade das pessoas, que ali estavam no Estádio Jonas Duarte.
O dia 10 de julho fica marcado por um ato violento, sujo e horrível contra um de nossos jogadores, o que jamais será esquecido.
O GEA informa que entrará com medidas cabíveis, para que o responsável seja punido e que a justiça seja feita, para que este ato CRIMINOSO, não fique impune.
Nosso goleiro foi atendido em campo pelo médico do GEA, Dr. Diego Bento, que dentro da UTI móvel realizou os primeiros socorros.”.
Nota Polícia Militar
“A Polícia Militar informa que, diante do ocorrido no final da partida entre Grêmio Anápolis e Centro-Oeste, foi determinada, de imediato, a abertura de um Inquérito Policial Militar (IPM) pela Corregedoria para apurar os fatos com o devido rigor.
Ressaltamos que o disparo efetuado foi feito com munição de elastômero, conhecida como “bala de borracha”, armamento menos letal.
A Polícia Militar de Goiás reafirma seu compromisso com o cumprimento da lei e reitera que não compactua com qualquer desvio de conduta praticado por seus membros.”