A dona de uma clínica de estética em Goiânia, que foi presa após a morte da influencer Aline Maria, de 33 anos, fazia prescrições incorretas, com nomes de remédios escritos de forma errada.
Além disso, uma profissional denunciou que a clínica usava indevidamente o número de registro e nome dela do carimbo da receita dada à influenciadora.
Na receita, escrita de caneta vermelha, a dona da clínica escreveu ao menos três nomes de medicamentos de forma incorreta, sendo “Amoxilina”, “Xarelton” e “Nebacetim”, quando, na verdade, deveria ser “Amoxicilina”, “Xarelto” e “Nebacetin”.
A profissional que teve o nome e o número do registro alterado e usado indevidamente na receita registrou um boletim de ocorrências na sexta-feira (5), por falsificação de documento particular. Eny Aires destacou que não conhecia a vítima ou a suspeita.
“Os remédios estavam prescritos de forma errada. Não tem um mínimo de princípio. Primeiro que não se escreve com caneta vermelha. Tudo horrível, toda a prescrição dela estava errada. Era para matar mesmo, porque não tem nenhum princípio da medicina”, disse a médica.
Crimes cometidos pela dona da clínica em Goiânia
De acordo com a delegada Débora Melo, responsável pelo caso, a dona da clínica se apresentava como biomédica, mas não tinha formação para exercer a profissão. Ela teria cursado três semestres de medicina no Paraguai e trancado o curso posteriormente.
Além disso, a Vigilância Sanitária constatou que o local não possuía alvará sanitário para funcionamento e nem profissional com habilitação técnica responsável. Na clínica também não foram encontrados os prontuários dos pacientes atendidos.
“Lá não tinha prontuário de paciente nenhum. A pessoa pagava, fazia o procedimento e ia embora. Não eram requisitados exames prévios e não tinha contrato de prestação de serviço formalizando a relação entre o prestador e o consumidor”, ressaltou a delegada.
Segundo a Polícia Civil, a mulher é investigada por, ao menos, quatro crimes contra a relação de consumo, como mentir sobre sua qualificação, induzir pacientes ao erro por não fornecer informações adequadas sobre os procedimentos realizados e não esclarecer os riscos da aplicação de polimetilmetacrilato (PMMA), uma substância plástica.
A mulher ainda é suspeita de lesão corporal seguida de morte, exercício ilegal da medicina e execução de serviço de alta periculosidade.
Thiago Hauscar, advogado, declarou que a defesa da dona da clínica está analisando o processo para determinar as próximas ações quanto aos pedidos de oitivas. Ele também manifestou sua solidariedade à família de Aline.
Morte de influencer
Aline Maria teria feito uma aplicação para aumentar o bumbum no dia 23 de junho, na clínica em Goiânia. Segundo uma testemunha, ela pagou R$ 3 mil pelo procedimento e ainda seriam feitas outras duas sessões.
Entretanto, ela começou a passar mal um dia após a primeira aplicação, com quadro febril. À polícia, o marido da influenciadora afirmou que entrou em contato com a clínica, que justificou que a reação “era normal” e disse que “deveria tomar remédio para febre”.
No dia 26, Aline Maria começou a sentir dores na barriga e, no dia seguinte, ela desmaiou e precisou ser levada para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde ficou por um dia, pois não tinha leito disponível de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A modelo então foi transferida para um hospital particular na Asa Sul, onde foi entubada e internada na UTI. Na unidade de saúde, ela ainda teve duas paradas cardíacas e não resistiu, tendo a morte confirmada no dia 2 de julho.