Policiais militares são investigados suspeitos de torturarem um major da Polícia Militar durante um curso do Batalhão de Operações Especiais (Bope) em Goiás.
De acordo com o órgão, os PMs internaram o major escondido da família e fingiram que ele estava com covid-19.
Major torturado por policiais militares
Conforme o MP o órgão ofereceu a denúncia em abril deste ano e pediu o afastamento e o recolhimento de armas de sete policiais militares pelos crimes de tortura e tentativa de homicídio qualificado contra o major, após uma investigação da Corregedoria da PMGO.
Os crimes ocorreram em outubro de 2021 e desde então eram mantidos em sigilo. Na época, o 12° Curso de Operação Especiais do Bope teve início no dia 13 de outubro de 2021, com uma aula de campo em uma fazenda em Hidrolândia, no qual todos os alunos, incluindo o major, foram submetidos a um percurso de 16 km em uma estrada de terra e todos equipados com uma mochila e fuzil.
O documento ainda cita que durante o trajeto os alunos fizeram flexões, abdominais ao ar livre enfrentando gás lacrimogênio e que também foram agredidos com tapas na cara e afogamento dentro de um tanque com água.
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Já na madrugada do dia 14, todos foram levados de ônibus para a Base Aérea de Anápolis e nas dependências, os militares passaram a agredir violentamente o major. O documento alega que ele foi torturado com pauladas e cordas por três dias seguidos.
Devido a situação, o major chegou a reclamar com um colega que os militares estavam sendo rigorosos demais com ele e devido a isso, o major foi submetido a um mergulho em um lago frio a noite.
“Todos compartilhavam do mesmo objetivo: pressionar o ofendido (major) a se desligar do curso, especialmente devido à sua posição como o oficial mais graduado entre os alunos”, destaca o MPGO.
Internamento após torturas
O documento também destaca que no dia 16 de outubro o major foi novamente submetido a novas práticas de torturas e devido a intensidade, precisou ser atendido pela equipe médica do Comando de Saúde.
Com base no MP, o major já foi atendido já debilitado e com quadro de desidratação e com baixa frequência cardíaca, que por conta disso, foi desligado do curso.
O major entrou em coma profundo e teve lesão neurológica grave e por um momento chegou a não responder nenhum estímulo. O documento ainda destaca que um dos policiais militares que participaram do crime, informaram para a unidade de saúde que não precisavam comunicar nada do caso para a família do major.
Somente no dia 17 de outubro que a esposa do major ficou sabendo da internação e que apesar da gravidade, a esposa percebeu que o marido não estava sendo assistido por nenhum médico.
Sendo assim, a mulher decidiu transferir o marido para um hospital de confiança onde foram constatadas lesões corporais gravíssimas e exame negativo para o exame.
Mesmo após com a mudança do hospital e com as lesões comprovadas, os envolvidos no crime tentaram destruir provas, tentando pegar o prontuário do major no primeiro hospital em que ele foi internado.
Sequelas
O major recebeu alta somente no dia 27 de outubro de 2021 e acabou contraindo uma infecção pelo cateter de tempo de internação e sendo preciso ser internado na UTI por mais 13 dias.
Atualmente ele ainda faz intensa fisioterapia pulmonar e motora, mas teve inúmeras sequelas, como a perda de força dos braços e pernas.
Após a investigação realizada pela Corregedoria da Polícia Militar, o Comando da Academia da Polícia Militar reconheceu irregularidades e aceitou que o major recebesse o diploma de conclusão do curso do Bope.