A gigante farmacêutica AstraZeneca reconheceu à Justiça, pela primeira vez, um “efeito colateral raro” na vacina contra a Covid-19.
De acordo com o jornal Daily Mail, a empresa é alvo de uma ação coletiva onde 51 famílias pedem indenização de até R$ 700 milhões.
O processo foi movido depois que as pessoas envolvidas desenvolveram trombose ao serem vacinadas na Inglaterra.
A farmacêutica reconheceu que a vacina “pode, em casos muito raros, causar síndrome de trombose com trombocitopenia (TTS)”.
A condição é caracterizada pela formação de coágulos sanguíneos, o que pode aumentar as chances de obstrução nas veias e artérias.
A informação foi divulgada em documento legal apresentado em fevereiro ao Tribunal Superior.
A notícia veio à tona dias depois que a empresa informou que a receita no primeiro trimestre de 2024 foi de £ 10 bilhões (R$ 641 bilhões), o que representa um aumento de 19%.
Vacinação com AstraZeneca no Brasil
No Brasil, a vacina foi produzida em colaboração com a Fiocruz e administrada em 153 milhões de pessoas, especialmente nos anos de 2021 e 2022.
O Ministério da Saúde declarou, em comunicado emitido em 2023, que a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 foi responsável por salvar milhares de vidas.
Entretanto, deixou e recomendar a aplicação de dois imunizantes – AstraZeneca e Janssen – justamente pelo risco aumentado de trombose cerca de 30 dias após vacinação.
Apesar da correlação entre os imunizantes e o risco de TTS não terem sido totalmente desvendadas, a pasta manteve a interrupção de seu uso para evitar possível risco adicional à saúde da população.
No comunicado de 2023, a pasta detalhou que “todas as vacinas ofertadas à população são seguras, eficazes e aprovadas” pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Apesar de ter tido a produção interrompida no Brasil, o imunizante da AstraZeneca/Oxford ainda tem autorização da OMS para ser utilizada no país em caso de falta de outros imunizantes ou em casos de contraindicação.
Veja o comunicado do Ministério da Saúde em 2023:
“A vacina fabricada pela empresa AstraZeneca/Oxford, desenvolvida no início da pandemia, e produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi extremamente importante para o controle dos casos e a redução de óbitos por Covid-19 no país e no mundo, salvando milhares de vidas. Desde dezembro de 2022, essa vacina é indicada para pessoas a partir de 40 anos, de acordo com as evidências científicas mais recentes.
O atual cenário da Covid-19 no país, com redução de casos graves e óbitos pela doença, é resultado da população vacinada. Os eventos adversos, inerentes a qualquer medicamento ou imunizante, são raros e ocorrem, em média, um a cada 100 mil doses aplicadas, apresentando risco significantemente inferior ao de complicações causadas pela infecção da Covid-19”.