A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira (8/2) a Operação Tempus Veritatis (hora da verdade em latim), que investiga uma tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
Segundo a corporação, o objetivo da organização criminosa seria obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder.
No total, são cumpridos 33 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão preventiva. Há ainda 48 medidas cautelares, como proibição de contato entre os investigados, retenção de passaportes e destituição de cargos públicos.
Os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
Tentativa de golpe de Estado
De acordo com a PF, as investigações apontam que o grupo se dividiu em núcleos de atuação para tentar minar o resultado das eleições 2022, vencidas por Luís Inácio Lula da Silva (PT).
“Grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.”, diz comunicado da PF.
O primeiro eixo era constituído para construção e propagação de informações falsas sobre uma suposta fraude nas urnas, apontando uma “falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação”.
Conforme a corporação, o discurso era “reiterado pelos investigados desde 2019 e persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.”
O segundo eixo de atuação praticava atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, ou seja, a concretização do golpe. As investigações apontam que esta fase contava com o apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.
“Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.”, concluiu a corporação.
Alvos da operação
Os alvos da operação estão ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que inclusive é um dos alvos também. Ele tem 24 horas para entregar seu passaporte. A informação é da Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
Além disso, também foi apreendido o celular de Tércio Arnauld Thomaz, ex-assessor do ex-presidente.
Os mandados de prisão foram cumpridos contra o coronel Marcelo Costa Câmara e Filipe Martins, ex-assessores de Bolsonaro, e Rafael Martins de Oliveira, major do Exército.
Outros ministros de Bolsonaro também são alvos de mandados de busca e apreensão, como Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira, além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.