A Polícia Técnico-Científica do Estado de Goiás (PTC-GO) confirmou que identificou a substância que causou a morte de Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e da mãe dele, Luzia Tereza Alves, de 85.
Segundo a corporação, a substância é tóxica e altamente letal e não apresenta odor ou sabor. Entretanto, o nome da substância não foi revelado, sob justificativa de “medida de segurança pública”.
Substância que matou mãe e filho envenenados em Goiânia
O inquérito policial que investiga as causas e circunstâncias das mortes está sendo produzido pela Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH) e será complementado com os laudos periciais da PTC-GO.
Nos laudos foi apontado que a substância utilizada no envenenamento é um óxido inorgânico e possui algo grau de toxicidade e letalidade mesmo em baixas quantidades.
De acordo com a perita criminal Mayara Cardoso, a venda do produto não é proibida, mas é de difícil acesso. Ele pode, inclusive, ser encontrado na natureza de forma rara. Em geral, o uso fica restrito à indústria.
“No passado foi muito utilizada como pesticida, mas seu uso foi sendo descontinuado. Hoje a principal aplicação é na indústria, principalmente de semicondutores, fabricação de alguns tipos de vidros e preservantes para madeiras.”
Segundo a perita, que é chefe do Laboratório de Química e Toxicologia Forense, o óxido foi encontrado em análises de amostras de sangue e estômago das vítimas. Entretanto, não é possível afirmar se o produto foi utilizado em forma líquida ou em pó, mas há suspeita que estava em alta concentração, pois foi encontrada grande quantidade nas amostras biológicas.
As investigações apontaram que as vítimas tinham características semelhantes, mas no caso de Luzia as alterações foram mais significativas devido ao maior tempo de ação de veneno. A substância causou lesões cardíacas, hepáticas, renais e neurológicas.
As investigações ainda apontam que o veneno foi colocado em doces no pote, comprados pela ex-nora de Leonardo. Além deles, também foram alisadas as colheres e outros alimentos e objetos utilizados no café da manhã.
O delegado Olegário Augusto, perito criminal e da Divisa de Comunicação da Polícia Científica, informou que testou mais de 300 pesticidas e todos eles foram descartados.
“Os pesticidas, como eles são moléculas maiores, eles são mais fáceis, relativamente mais fáceis da gente trabalhar com elas e detectá-las. Então, já foi feita essa pesquisa pelos 300 pesticidas e já foi descartada essa hipótese. Até o carbamato, que é o ‘chumbinho’, que era uma das vias, ele já foi descartado”.
Café da manhã
A família se reuniu para um café da manhã no último 17 de dezembro, quando a suspeita chegou na residência com diversos alimentos.
Além das vítimas e da suspeita, o pai de Leonardo também estava presente. Segundo o advogado da família, a mulher insistiu para que ele comesse, mas ele se recusou por ter diabetes.
Cerca de três horas depois, Leonardo e a mãe começaram a passar mal com dores abdominais, diarreia e vômitos. Ambos foram levados para o hospital, mas não resistiram e acabaram falecendo.
Suspeita do crime
A principal suspeita do crime é a ex-nora de Leonardo, que teve um relacionamento de pouco mais de um mês com o filho dele e não lidava bem com o término, segundo a polícia.
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Em depoimento, a mulher negou os crimes e os advogados informaram que “aguardam os desdobramentos das investigações, cujo trâmite é sigiloso, para se manifestar quanto ao teor das imputações declinadas pela Autoridade Policial.”
Quanto a prisão, a defesa informa que considera que “se efetivou de forma ilegal na medida em que realizada no período noturno em hospital onde se encontrava internada sob cuidados médicos.”
Além disso, a defesa enfatizou que a suspeita “compareceu voluntariamente à Delegacia de Investigação de Homicídios, entregou objetos e documentos e, por intermédio de seus advogados, deu plena ciência à Autoridade Policial da sua localização e estado de saúde. As medidas judiciais para preservação e restabelecimento da legalidade serão adotadas oportunamente.”.
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