O ex-senador Telmário Mota foi preso em Nerópolis, região metropolitana de Goiânia, na noite desta segunda-feira (30/10). Ele é suspeito de mandar matar a mãe da própria filha.
Ele era considerado foragido da Justiça de Roraima. Outros suspeitos de envolvimento no crime ainda estão sendo procurados.
Entenda o que motivou a prisão do ex-senador Telmário Mota
Conforme as investigações, o ex-senador é suspeito de ter encomendado a morte de Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos, que foi morta com um tiro na cabeça no dia 29 de setembro, em Boa Vista.
A mulher saia para trabalhar quando foi assassinada. Ela foi morta três dias antes de prestar depoimento no processo em que a filha acusava o político de estupro. A audiência estava prevista para o dia 2 de outubro.
De acordo com a Justiça, a mulher era uma “testemunha chave no processo” e a morte dela “certamente beneficiaria” Telmário Mota.
“Com a apuração dos fatos, foi apontado o ex-Senador da República, Telmário Mota de Oliveira da morte da vítima Antônia Araújo Sousa, com que tem uma filha. Ocorre que […], filha da vítima com o Representado Telmário, acusou o pai de estupro, quando ainda tinha 17 anos, no ano de 2022, originando aos autos nº […]”, diz trecho do pedido de prisão.
O mandado de prisão foi expedido pela juíza Lana Leitão Martins, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, que destacou que o político se desfez de provas no processo.
“Não se pode negar que o Representado Telmário Mota de Oliveira, é ex-Senador da República, pertencente a família tradicional, que ainda exerce de influência política no Estado. A investigação demonstra que o Representado se desfez de provas, ao determinar que Cleidiane apagasse imagens contidas em seu DVR e HD de imagens de sua residência, inclusive, ordenando a troca de celular. Diante de todo o contexto, a sua decretação de sua prisão temporária é a medida que se impõe”.
À época do crime, Telmário chegou a divulgar uma nota à imprensa lamentando a morte da mãe da filha.
“Esclareço para aquelas pessoas que de forma sórdida estão usando uma tragédia de tamanha natureza para atacar a minha imagem que, apesar das acusações falsas contra mim, jamais tive rancor, raiva ou qualquer sentimento de vingança com relação à Sra. Antônia. Espero que as autoridades policiais adotem todas as medidas necessárias para o devido esclarecimento e punição do(s) responsável(is) o mais rápido possível”.
Até a publicação desta reportagem, o Portal Dia não conseguiu localizar a defesa do ex-senador ou dos envolvidos.
Operação
Na manhã de segunda-feira (30), a Polícia Civil deflagrou uma operação para prender o ex-senador. Entretanto, ele não foi encontrado, mas foram cumpridos outros mandados de busca e apreensão contra envolvidos no assassinato.
Entre os alvos está um sobrinho do senador, que continua foragido, e o executor do crime, que foi localizado e preso em Caracaraí, interior de Roraima. Uma assessora do político também foi alvo de mandado de busca e apreensão.
Conforme as investigações, a moto utilizada pelos criminosos no dia do crime teria sido comprada pelo sobrinho do ex-senador pelo valor de R$ 4 mil, pago em espécie. O veículo estava em nome de outra pessoa, com documentação irregular.
O relatório aponta que, posteriormente, a moto foi entregue para a assessora do político, que seria responsável por levar para uma oficina para fazer reparos. Além disso, ela também teria que entregar o veículo para os executores do crime.
Segundo a Polícia Civil, a mulher foi vista em câmeras de segurança indo entregar a moto aos assassinos momentos antes do crime. Ela já trabalhava com o ex-senador há cerca de 20 anos.