O mês de outubro é dedicado à conscientização sobre o câncer de mama, denominado assim como “Outubro Rosa”. A mobilização mundial iniciou em 1999 e ganhou força no Brasil em 2018 com a aprovação da Lei n° 13.733, instituindo-se então o mês escolhido para citar sobre a importância da prevenção.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a doença permanece alarmante no país e o levantamento aponta que entre 2023 a 2025 podem ser diagnosticados quase 74 mil novos casos de câncer de mama.
Câncer de mama e prevenção contra a doença
Com o avanço da tecnologia, atualmente a mamografia é considerado o principal exame para identificar o câncer de mama ainda no estágio inicial. O exame é indicado para mulheres a partir dos 40 anos, independente da presença de sintomas, sendo assim, o exame deve ser realizado anualmente, no qual permite aumentar em até 90% as chances de cura da doença.
O aumento dos diagnósticos pode ser associado à maior expectativa de vida da população mundial e também como a piora da qualidade de vida. Uma das causas está o grande grau de sedentarismo e o consumo dos industrializados que podem afetar diretamente na saúde do ser humano.
Conforme a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a maioria dos casos, entre 90 a 95% dos diagnósticos de câncer de mama, estão associados a fatores genéticos, enquanto 5 a 10% são ligados à genética.
O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, que formam um tumor com potencial para danificar os demais órgãos. A doença é mais comum em mulheres, mas também pode acometer os homens, que representam 1% dos casos.
Somente no Brasil, no ano de 2022, foram estimados 66.280 casos novos, no que representa uma taxa ajustada de incidência de 43,74 casos por 100 mil mulheres.
Sintomas da doença
Em geral, o primeiro sinal do câncer de mama costuma ser a presença de um nódulo único, que pode não apresentar dor no local, mas também é comum outros sintomas, como a deformidade, que é o aumento da mama, casos de vermelhidão, edema e a presença de líquido nos mamilos.
As formas de tratamento variam de paciente para paciente e com base no tipo do câncer. O mais indicado é a quimioterapia, onde é utilizado medicamentos para matar as células malignas, a radioterapia que serve para destruir um tumor ou impedir que as células aumentem, a hormonioterapia na qual a medicação bloqueia a ação do hormônio feminino, e em últimos casos a cirurgia, necessária para retirar o tumor ou até mesmo a retirada completa da mama em casos de estágio mais avançado.
Além da mamografia, o autoexame também é uma forma de prevenção. O ato de apalpar os seios, podem ajudar as mulheres a conhecer o próprio corpo e na identificação de alguns nódulos, mas lembrando que essa prática não substitui os exames clínicos.
Caso a mulher observe alguma alteração, é recomendado procurar alguma unidade de saúde mais próxima da residência e, mesmo que não encontre nenhuma alteração no autoexame, deve ser sempre realizado o exame anualmente por um profissional da área.
“Hoje posso dizer que estou curada”, comemora mulher que lutou contra a doença
Eleni Vieira de Melo, de 66 anos, moradora de Goiânia, está entre as inúmeras mulheres que conseguiram vencer o câncer de mama. Em entrevista ao Portal Dia, Eleni conta como foi a trajetória durante o tratamento e a maneira que descobriu a doença.
“Eu vi que eu estava com um caroço na mama esquerda. Eu gostava muito de tomar sol e passando o bronzeador, passei perto da axila e senti um caroço e tinha muito tempo que eu estava com uma dor no meu ombro esquerdo também. Marquei uma consulta ao ginecologista, ele pediu uma mamografia e ultrassonografia e apontou que era câncer”.
Eleni conta que o tratamento iniciou em 2005 e para conseguir vencer a doença, foi submetida a várias radioterapias e quimioterapia, sem contar que ainda foi necessário realizar uma cirurgia. Ela ainda relata que a pior parte do tratamento foi durante as quimioterapias, que mesmo o cabelo não caindo, se sentia bastante mal devido aos vários efeitos colaterais, como vermelhidão pelo corpo e dores no estômago.
“Meu cabelo não caiu, graças a deus, mas tirou um quadrante do meu seio esquerdo e fez o esvaziamento da axila. Eu fiquei vários dias com o dreno nos seios e fazendo as quimios e as rádios. O período pior foi da quimioterapia porque empolei o corpo, meu rosto ficou bem vermelho, é tipo uma alergia, e sempre muita vontade de vomitar”, explica.
Como uma forma de alerta para as mulheres, Eleni afirma que só descobriu a doença após sentir dores na região afetada, já que estava a mais de 3 anos sem realizar o exame preventivo, que é a mamografia.
“Deus é tão misericordioso que deu tudo certo e eu já estou curada, fui muito irresponsável, tinha ao menos três anos que eu n fazia mamografia e nem ultrassom das mamas, isso não pode acontecer, a gente tem que fazer pelo menos uma vez no ano, no mínimo uma vez no ano. Graças a deus estou curada e o que eu tenho para falar é que a prevenção é o melhor caminho. Procurem um ginecologista e façam a mamografia, não descuidem, façam o toque, nas mamas, nas axilas, olhem tudo. Hoje eu posso dizer que estou curada, deus me curou e correu tudo bem, mas se eu tivesse olhado antes com certeza não teria chegado a ter feito a cirurgia, alerta”.
Campanha em Goiânia
Para alertar sobre o mês da conscientização e como forma de marcar a cidade apoiando a casa, Goiânia aderiu à campanha e um túnel na Praça Tamandaré foi enfeitado com 1.500 guarda-chuvas rosa.
A ação é uma representação simbólica do evento: “Goiânia 90 anos Sempre Rosa – Protegendo Você Contra o Câncer de Mama”.
O projeto iniciou na capital em outubro de 2021 e ao todo o município já realizou 64.804 mamografias, sendo 60.167 de rastreamento e 4.639 para diagnóstico. Também já foram realizadas 1.359 biópsias e no total, 74 médicos, 78 enfermeiros e 820 Agentes Comunitários de Saúde (ACS) já foram capacitados para atender todas as demandas para a prevenção e tratamento contra a doença.