O vídeo de um motorista abandonando um ônibus com diversos passageiros viralizou nas redes sociais nesta semana. O caso aconteceu em Cristalina, no Entorno do Distrito Federal.
Nas imagens, o homem aparece explicando às pessoas que estavam no local que não conseguiria seguir com a viagem, que saiu de Brasília e tinha São Paulo como destino.
No vídeo gravado pelos passageiros na última quinta-feira (10), ele diz estar cansado da jornada de trabalho e que há falta de condições para uma viagem segura.
“Eu não sou robô, sou ser humano como todo mundo aqui. Robô é quem não é quem não precisa ir no banheiro, não precisa dormir, não precisa se alimentar, mas eu preciso me alimentar”, desabafou.
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O homem ainda que daria um ‘basta’ na situação e não trabalharia mais na empresa de transporte.
“Eu estou cansado. Eu quero dar um basta nisso. Eu não vou mais trabalhar nessa empresa aqui. Não vou continuar minha viagem por conta disso, porque eles querem que a gente trabalha certo, mas não trabalha certo com a gente, tá tratando a gente mal”, completou.
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Empresa se manifesta sobre motorista que abandonou ônibus
Em nota, a empresa Real Expresso disse que o motorista deixou o veículo em Cristalina, após dirigir cerca de 130 km. A atitude foi vista como um “ato de indisciplina e insubordinação”, pois ele teria se recusado a obedecer o “esquema operacional da linha”.
Além disso, informou que o colaborador foi desligado da empresa e será “responsabilizado judicialmente pelos danos causados à Real Expresso e seus passageiros”.
Confira a íntegra da nota:
“A Real Expresso informa que o incidente na verdade deu-se na quinta feira, 10/08/23 na linha Brasília x SP horário de 17:00, cujo condutor cometeu a gravíssima falta na localidade próxima à Cristalina-GO, depois de conduzir o veículo por aproximadamente 130 km. A conduta foi reprovada de sorte que o colaborador foi desligado por justa causa e será responsabilizado judicialmente pelos danos causados à Real Expresso e eventualmente a seus passageiros. Esclarecemos que todos os passageiros conduzidos com toda a segurança aos seus destinos pela empresa em procedimento de contingencia adotado imediatamente após o ocorrido.
O fato deu-se porque o ex-colaborador em ato de indisciplina e insubordinação recusou-se a obedecer ao esquema operacional da linha que prevê a parada em um outro local, ponto de apoio devidamente homologado pela ANTT, que conta com alimentação adequada e sala de ativação adaptada ao Programa de Medicina do Sono que visa a prevenção da sonolência, um procedimento preventivo de acidentes, além de toda a infraestrutura exigida pelo ente regulador do transporte.
A Real Expresso esclarece que todo colaborador, quando ingressa na empresa, é submetido a um completo programa de seleção, onde o profissional, ao se candidatar ao trabalho, toma pleno conhecimento dos procedimentos legais, técnicos e operacionais que terá que seguir, que, não apenas visam a segurança dos viajantes mas também promovem a melhoria da saúde e qualidade de vida do colaborador.
Reafirmamos que a atitude isolada do ex colaborador não encontra eco na ampla maioria dos profissionais que trabalham na Real Expresso, que são dedicados, comprometidos com a qualidade e respeitosos com os viajantes, jamais agindo como com tamanha irresponsabilidade.
Para maiores informações aos passageiros eventualmente afetados a Real coloca a disposição seu SAC 24 horas (0800 858830)e whatsapp numero 61 21067100.”
ANTT
Em nota, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) disse que não flagrou a situação, mas salientou que a empresa tomou as providências cabíveis e enfatizou que não é responsável pela regulamentação da jornada de trabalho dos profissionais. Confira a íntegra da nota:
“A situação não foi flagrada pela equipe de fiscalização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), mas foi encaminhada para verificação. No entanto, é relevante informar que a Real Expresso, ao tomar conhecimento do caso, resolveu prontamente a situação, garantindo a continuação da viagem com outro motorista, a fim de não causar transtornos aos passageiros. A ANTT recebeu apenas uma reclamação na Ouvidoria sobre o caso e solicitará esclarecimentos à empresa sobre o ocorrido.
A Agência também esclarece que não é responsável pela regulamentação da jornada de trabalho de motoristas profissionais, sendo essa responsabilidade regida diretamente pela Lei nº 13.103/2015. A jornada diária é de 8 (oito) horas, com possibilidade de extensão por até 2 (duas) horas extras ou, mediante convenção ou acordo coletivo, por até 4 (quatro) horas extras. A legislação não obriga que as empresas de transporte de passageiros adotem dois motoristas no mesmo veículo. A prática comum é a troca de condutores em terminais rodoviários ou pontos de apoio das transportadoras.
Ainda sobre o assunto, a Resolução ANTT nº 1971/2007 estabelece que as empresas devem manter registros contendo informações sobre a jornada de trabalho dos motoristas, incluindo local e horário do início da jornada, tempo de condução, período de repouso ou alimentação, entre outros. Esses dados são fundamentais para a fiscalização da ANTT e de outros órgãos, como a PRF. Essas informações são essenciais para a verificação da jornada. Além disso, os usuários do transporte interestadual podem, ao perceberem um motorista excedendo a carga horária, entrar em contato com a ouvidoria da ANTT para denunciar. Os canais disponíveis incluem WhatsApp (61) 99688-4306, telefone 166 ou e-mail [email protected].”