O Dia Nacional do Cinema, comemorado neste 19 de junho, é uma data especial em homenagem ao cineasta Afonso Segreto (1875 – 1919), considerado o pioneiro do cinema brasileiro, que registrou as primeiras imagens em movimento no país, em 1898.
Desde então, o Brasil tem produzido filmes de grande reconhecimento, com uma fonte inesgotável de emoções e histórias cativantes. Ao longo dos anos, diretores talentosos e visionários deram vida a produções que se tornaram verdadeiros tesouros para os amantes da sétima arte.
Pensando nisso, e também como forma de incentivar a indústria cinematográfica nacional, o Portal Dia separou uma lista com alguns sucessos da produção brasileira que marcaram a história do cinema no país. Confira!
Dia Nacional do Cinema
“O Pagador de Promessas” (1962)
Dirigido por Anselmo Duarte, o filme foi baseado na peça teatral homônima de Dias Gomes e conquistou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, sendo o único filme brasileiro a receber esse prêmio.
A trama se passa em Salvador, Bahia, e gira em torno de Zé do Burro, interpretada por Leonardo Villar, um homem humilde e ingênuo que carrega uma cruz enorme pela cidade, cumprindo uma promessa feita a Santa Bárbara.
Zé do Burro é um lavrador que faz uma promessa a Santa Bárbara para que seu burro, Nicolau, se recupere de uma doença. Quando o burro se cura, Zé do Burro decide levar uma cruz até a igreja de Santa Bárbara, localizada no alto de uma escadaria, como forma de agradecimento. No entanto, ao chegar à igreja, ele se depara com portas trancadas e não consegue cumprir sua promessa.
Desesperado, Zé do Burro passa a ser alvo de manipulações e disputas entre diferentes grupos, incluindo a Igreja Católica, que não permite que ele entre na igreja com a cruz, e os seguidores do candomblé, que enxergam nele uma ameaça à sua religião. Zé do Burro se vê envolvido em uma teia de interesses e preconceitos, enquanto luta para cumprir sua promessa e provar a sinceridade de sua devoção.
O filme aborda temas como religiosidade, intolerância, preconceito e poder, apresentando uma crítica à estrutura social e religiosa brasileira da época.
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“Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1976)
Dirigido por Bruno Barreto e baseado no livro de Jorge Amado, o filme retrata a história de Dona Flor, interpretada por Sônia Braga, e suas experiências amorosas com seu falecido marido Vadinho e seu novo esposo Teodoro.
Dona Flor é uma professora de culinária que é casada com Vadinho, um homem mulherengo e boêmio. Apesar das traições constantes de Vadinho, Dona Flor se mantém apaixonada por ele. No entanto, Vadinho acaba morrendo durante o Carnaval, deixando Dona Flor viúva.
Sentindo falta de intimidade e companhia de seu falecido marido, Dona Flor fica desolada. Ela então decide se casar com Teodoro, um farmacêutico sério e responsável, que é o oposto de Vadinho. Dona Flor e Teodoro vivem uma vida tranquila e estável, mas ela sente falta da paixão e da animação que tinha com Vadinho.
Um dia, Dona Flor passa a ter visões de Vadinho e sua saudade se torna insuportável. Ela começa a se sentir dividida entre a lembrança de seu marido e a realidade de seu segundo marido. Dona Flor se encontra em uma encruzilhada, tentando conciliar os dois maridos de maneiras inusitadas.
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“Central do Brasil” (1998)
Dirigido por Walter Salles, o filme conta a história de Dora, interpretada por Fernanda Montenegro, uma ex-professora que se torna escritora de cartas para analfabetos na estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro.
Dora se envolve de maneira inesperada com Josué, um menino de nove anos, interpretado por Vinícius de Oliveira, cuja mãe acaba de falecer em um acidente. Ao se deparar com a situação difícil do garoto, Dora acaba se responsabilizando por ele e promete ajudá-lo a encontrar o pai que ele nunca conheceu, que supostamente mora no interior do Nordeste.
Juntos, Dora e Josué embarcam em uma viagem pelo Brasil enfrentando, desafios, perigos e conhecendo diferentes personagens ao longo do caminho. Durante essa jornada, Dora vai aos poucos se abrindo emocionalmente e descobrindo sua própria humanidade, enquanto Josué busca uma figura paterna e tenta compreender sua própria identidade.
O filme foi aclamado pela crítica e recebeu diversos prêmios, incluindo o Urso de Ouro no Festival de Berlim e uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Fernanda Montenegro também recebeu elogios por sua atuação e foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz.
“Tropa de Elite” (2007)
Dirigido por José Padilha, o filme aborda a rotina do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) do Rio de Janeiro e sua luta contra o tráfico de drogas.
O protagonista é o Capitão Nascimento, interpretado por Wagner Moura, um oficial do BOPE que está prestes a se tornar pai. Ele está cansado da violência e corrupção que assolam a cidade e decide deixar o BOPE, mas antes precisa encontrar um substituto para assumir seu lugar.
Enquanto enfrenta dilemas éticos e morais, o Capitão Nascimento segue a rotina do BOPE, que inclui operações contra o tráfico de drogas nas favelas cariocas. Ele se vê envolvido em situações extremas e cruéis, enfrentando traficantes poderosos e criminosos corruptos.
Ao mesmo tempo, o filme mostra a história de dois jovens aguardando, Neto e Matias, interpretados por Caio Junqueira e André Ramiro, respectivamente, que ingressam no BOPE. Através deles, o público é exposto à violência e complexidade do ambiente policial, onde as fronteiras entre o certo e o errado se tornam borradas.
O filme obteve grande sucesso de público e crítica, conquistando o Urso de Ouro no Festival de Berlim e se tornando um dos filmes mais populares do cinema brasileiro.
“O Auto da Compadecida” (2000)
Dirigido por Guel Arraes e baseado na peça teatral de Ariano Suassuna, o filme é uma comédia que retrata as aventuras de João Grilo e Chicó, dois nordestinos em busca de sobrevivência no sertão brasileiro.
João Grilo, interpretado por Matheus Nachtergaele, é um malandro esperto e astuto, enquanto Chicó, interpretado por Selton Mello, é um sujeito covarde e mentiroso. Os dois se envolvem em diversas confusões e encontros com personagens peculiares do sertão.
A trama se desenrola quando João Grilo e Chicó se veem em meio a um conflito envolvendo o cangaceiro Severino e a Igreja Católica. Ao longo da história, eles se afastaram com a figura da Compadecida, uma santa que aparece para ajudar os necessitados.
Com um tom cômico e repleto de elementos do folclore nordestino, o filme aborda temas como religiosidade, justiça e luta dos oprimidos. “O Auto da Compadecida” mistura humor, crítica social e sátira em sua narrativa, retratando a vida no sertão de forma caricatural e poética.
O filme se tornou um grande sucesso no Brasil, conquistando uma ampla popularidade e se tornando um clássico do cinema nacional. Além disso, recebeu diversos prêmios, incluindo o Grande Prêmio Cinema Brasil de Melhor Filme e Melhor Direção.
Mais de 20 anos depois da primeira produção, o Auto da Compadecida 2 foi anunciado e deve chegar aos cinemas em 2024.
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“Cidade de Deus” (2002)
Dirigido por Fernando Meirelles e co-dirigido por Kátia Lund, o filme é um retrato cru e realista da violência e da vida em uma favela do Rio de Janeiro.
A história se passa principalmente nas décadas de 1970 e 1980, quando a violência e o tráfico de drogas na Cidade de Deus atingem seu auge. O filme segue a vida de vários personagens, mas tem como protagonista principal o jovem Buscapé, interpretado por Alexandre Rodrigues.
Buscapé é um garoto inteligente e aspirante a fotógrafo que busca escapar da violência e das influências do crime que o cercam. Ele observa a dinâmica brutal da comunidade, onde gangues disputam o controle das drogas e da criminalidade.
Ao longo da narrativa, são exploradas as trajetórias de diversos personagens, como o ambicioso Zé Pequeno, o irmão de Buscapé, Dadinho, e o pacifista Mané Galinha. O filme aborda temas como ambição, pobreza, violência, lealdade e sobrevivência em um ambiente marcado pela falta de oportunidades e pela marginalização.
O filme recebeu aclamação internacional e foi indicado a quatro categorias no Oscar, incluindo Melhor Diretor.
“Cidade dos Homens” (2007)
Dirigido por Paulo Morelli, o filme é uma extensão da série de televisão homônima e continua a história de Laranjinha e Acerola, interpretados por Douglas Silva e Darlan Cunha, dois amigos que sobreviveram em uma favela do Rio de Janeiro.
Os amigos enfrentam desafios e dilemas típicos da juventude em um ambiente repleto de violência, tráfico de drogas e falta de oportunidades.
Acerola é pai de um menino chamado Clayton, enquanto Laranjinha busca descobrir a identidade de seu próprio pai. Em meio a conflitos internos e problemas externos, os dois tentam sobreviver e construir um futuro melhor amigos para si e para aqueles que amam.