Mais um desdobramento sobre fraudes no futebol brasileiro mostra que o grupo de apostadores denunciados pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) usava robôs para fazer até 35 apostas simultaneamente.
Além disso, utilizavam contas em sites de apostas em nome de laranjas que recebiam uma porcentagem como compensação pelo empréstimo do acesso. Há, ainda, evidências sugerindo que o grupo aliciava, até mesmo, jogadores da primeira divisão do futebol grego.
Entenda as fraudes no futebol brasileiro por meio de apostas
▪️ O objetivo do uso de várias contas era evitar chamar a atenção dos sites de apostas, com valores altos em apostas únicas.
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▪️ Dessa forma, o grupo fazia inúmeras apostas de uma vez com valores de R$ 500, em média, para evitar a identificação da fraude. Contudo, os valores somados das apostas das contas chegavam a até R$ 300 mil, por jogo.
▪️ Um dos investigados, apontado como chefe do esquema, mantinha robôs programados em dois computadores para entrar em diversas contas nos sites de apostas, simultaneamente.
“O robô tá em dois computador meu aqui [sic]. Entra de trinta [contas] de uma vez, trinta e cinco”, disse.
▪️ As investigações apontaram, também, para a atuação de um núcleo de financiadores do esquema, responsável por providenciar contas previamente abastecidas com saldos para serem usadas nas apostas. (Veja no final da matéria sobre a organização dos núcleos).
▪️ Os criminosos perdiam valores quando as plataformas identificavam as contas como fraudulentas. Para reduzir o risco, pegavam contas de terceiros que recebiam uma porcentagem pelo empréstimo da conta.
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▪️ Em uma das conversas, um dos criminosos afirmou que, se fosse necessário mais contas para aumentar o lucro ou manter o esquema, ele era capaz de conseguir até 100 contas “quentes”.
▪️ Além de aumentar os lucros, o uso de contas de terceiros servia para ocultar os reais beneficiários do esquema.
Campeonato grego
▪️ Conversas interceptadas pelo MPGO indicam, também, um possível envolvimento dos acusados em manipulação de resultados de jogos de futebol na Grécia.
▪️ Os suspeitos trocaram mensagens que sugerem que o grupo cooptava jogadores da 1ª divisão do Campeonato Grego. Em uma das mensagens, um apostadores pergunta ao líder do esquema se conhece algum jogador do país.
▪️ Ele responde que conhece um jogador do time grego PAOK e questiona o motivo do interesse. A resposta foi “Amarelo”, em uma possível referência à penalidade de um cartão amarelo, tática usada pelo grupo para manipular os resultados dos jogos.
▪️ Nos prints das conversas, o apostador afirma que já está com cinco atletas na Grécia e brinca:
“Sempre bom, né? Quanto mais, melhor”, disse.
Atuação dos núcleos
▪️ A investigação sobre a manipulação de resultado de jogos de futebol descobriu que o esquema contava com a participação de quatro grupos distintos.
▪️ Os “apostadores” eram responsáveis por aliciar jogadores para participar do esquema de manipulação de resultados.
▪️ Já os “financiadores” asseguravam verbas para o pagamento dos jogadores envolvidos no esquema.
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▪️ O grupo “administrativo” era responsável por fazer as transferências financeiras para integrantes da organização criminosa e para os próprios jogadores.
▪️ Por fim, os “intermediadores” aproximavam os jogadores dos apostadores, viabilizando o esquema.