A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a World Mosquito Program (WMP) anunciaram um acordo para ampliar o uso da bactéria Wolbachia contra doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como dengue, zika e febre chikungunya.
O método, já utilizado em outros 11 países, consiste na introdução da bactéria nos mosquitos, bloqueando a transmissão dos vírus aos humanos.
O acordo prevê a construção de uma biofábrica com capacidade para produzir até 100 milhões de mosquitos por semana, com investimento de R$ 100 milhões provenientes da WMP e do Instituto de Biologia Molecular do Paraná, que resultou de uma parceria entre a Fiocruz e o governo paranaense.
O presidente da Fiocruz, Mario Moreira, informou que a biofábrica tem previsão de entrar em operação em 2024, porém, ainda não foi definida a cidade que irá abrigá-la. De acordo com Moreira, o projeto foi pensado para ser instalado rapidamente em qualquer lugar, sem muita preparação de terreno, e a escolha será feita em conjunto com o Ministério da Saúde e alguns governos locais.
Além dos recursos destinados à construção da biofábrica, outros R$ 80 milhões serão utilizados para expandir imediatamente a produção atual, com R$ 50 milhões da WMP e R$ 30 milhões da Fiocruz, auxiliando estados e municípios no controle das doenças em áreas críticas, a partir de critérios epidemiológicos definidos pelo Ministério da Saúde.
Introdução da bactéria no Aedes aegypti para combate a dengue, zika e chikungunya
De acordo com a Fiocruz, a bactéria Wolbachia é naturalmente encontrada em cerca de 60% dos outros insetos, mas não no Aedes aegypti. Por isso, o método envolve a introdução artificial da bactéria no mosquito.
Os pesquisadores destacam que o método não modifica geneticamente nem o mosquito nem a bactéria, e não tem como objetivo eliminar o mosquito do ambiente, apenas substituir uma população capaz de transmitir doenças por outra que não seja capaz.
A técnica Wolbachia foi inicialmente utilizada na Austrália e atualmente é utilizada em três continentes: Ásia, Oceania e América. Levantamentos epidemiológicos locais têm demonstrado sucesso na iniciativa.
Além disso, vários estudos científicos comprovaram a eficácia do método, incluindo um grande estudo clínico realizado em Yogyakarta, Indonésia, que mostrou uma redução de 77% na incidência de dengue em bairros onde a Wolbachia foi introduzida, em comparação com outras áreas da cidade.
No Brasil, a aplicação do método é liderada pela Fiocruz, em colaboração com o Ministério da Saúde. Os trabalhos começaram em 2015 com a liberação de mosquitos em duas áreas pequenas: Jurujuba, em Niterói (RJ), e Tubiacanga, no Rio de Janeiro. Os bons resultados levaram à expansão da iniciativa para outras localidades em ambas as cidades, além de ser utilizada em Campo Grande (MS), Belo Horizonte e Petrolina (PE).
- Entretenimento: Conheça os 10 melhores filmes de faroeste para assistir em casa
Com informações da Agência Brasil