O gerente técnico de engenharia da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Nilton César Pinto, foi convocado a prestar esclarecimentos à Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga supostas irregularidades na Companhia, na quinta-feira (30/3). Na ocasião, ele se recusou a responder as perguntas feitas sobre contratos e obras não executadas.
Diante da recusa de Nilton em responder às perguntas durante a reunião, o relator Thialu Guiotti (Avante) afirmou que o gestor tem o direito de ficar em silêncio, mas que isso não lhe confere o poder de impedir os vereadores de realizar questionamentos. O relator destacou que a CEI está munida do poder necessário para conduzir o processo e afirmou que não permitirá que Nilton silencie a investigação.
Após isso, o vice-presidente da CEI, Welton Lemos (Podemos) indagou o vereador sobre a contratação de obras que foram declaradas como finalizadas sem, de fato, estarem concluídas. “Quantas vezes o senhor já atestou notas ou serviços sem que eles tenham sido prestados?”, questionou Lemos.
De acordo com o vereador, Nilton foi convocado porque sua assinatura consta em documentos que atestam a reforma em 14 unidades do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), entretanto, essas reformas não foram concluídas.
O Portal Dia procurou a Comurg para esclarecimentos sobre o caso, mas até o final desta matéria, não obteve retorno.
Gerente da Comurg deveria ter sido ouvido na terça-feira (28), mas não compareceu
Nilton deveria ter comparecido à CEI da Comurg em reunião marcada para a última terça-feira (28). Contudo, o mesmo justificou sua ausência através de um atestado médico de dois dias emitido às 12h35, da mesma data. A oitiva foi remarcada para a próxima segunda-feira (3/4), no entanto, foi adiantada para esta quinta-feira (30).
Sob orientação de seu advogado Danilo Vasconcelos, o gerente da Comurg invocou o direito ao silêncio para que não sejam produzidas provas contra si mesmo.
Comurg recebeu pagamento antecipado por obras que não foram realizadas
Durante a sessão plenária realizada no última dia 8 de março, o presidente da Câmara Municipal de Goiânia, o vereador Romário Policarpo (Patriota), denunciou que a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Prefeitura de Goiânia havia efetuado um pagamento antecipado de R$ 8 milhões à Comurg.
Os R$ 8 milhões adiantados pela Prefeitura à Comurg deveriam ter sido destinados a contratos de emendas impositivas e de obras nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e no Cemitério Parque, que não foram concluídos.
Em depoimento à CEI no última dia 23 de março, o presidente da Comurg, Alisson Borges, reconheceu ter utilizado recursos para efetuar pagamentos a fornecedores e argumentou que Valéria Pettersen, ex-secretária de Relações Institucionais, emitiu uma nota fiscal para permitir que a empresa recebesse adiantamentos, mesmo que as obras ainda não estivessem concluídas.
No entanto, ele não pôde afirmar com certeza se o prefeito Rogério Cruz estava ciente desses pagamentos adiantados. Além disso, seu depoimento expôs um déficit significativo de mais de R$ 200 milhões, na empresa.
Dessa forma, Valéria Pettersen será convocada para prestar esclarecimentos, assim como o ex-presidente da Comurg, Alex Gama.