Mulheres do MST ocupam fazenda que foi usada para exploração sexual, em Goiás

Na madrugada deste sábado (25/3), mais de 600 mulheres do Movimento Sem Terra (MST) ocuparam a Fazenda São Lukas, no município de Hidrolândia, em Goiás.

A propriedade já foi de um grupo criminoso condenado, em 2009, pelos crimes de exploração sexual e tráfico internacional de pessoas e, inclusive, foi adquirida com dinheiro do tráfico humano. No entanto, desde 2016, ela integra o patrimônio da União.

Leia também

Tudo sobre o caso da jovem que desapareceu após sair para trabalhar, em Goianira

PC investiga golpe com carro alugado usado como garantia de dívida, em Goiânia

De acordo com a Polícia Federal, o grupo era composto por 18 pessoas e utilizava o local para aprisionar dezenas de mulheres, muitas delas adolescentes, que posteriormente eram traficadas para a Suíça e submetidas a exploração sexual.

• Saúde: Brasil registra 78 mil novos casos de tuberculose em 2022, alta de 4,9%

Além disso, o esquema foi mantido por três anos e as vítimas eram, em sua maioria, mulheres goianas de origem humilde das cidades de Anápolis, Goiânia e Trindade.

A ação das mulheres do MST faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, que ocorre em todo país durante o mês de março.

Mulheres do MST reivindicam a área para que possam tornar a terra produtiva

Com o intuito de denunciar o aumento da violência contra as mulheres no campo, o MST exige que a Fazenda São Lukas, antes utilizada para a exploração sexual de mulheres, seja destinada para o assentamento das famílias.

• Greve: Trabalhadores da educação rejeitam proposta do Paço e anunciam paralisação, em Goiânia

Segundo Patrícia Cristiane, da direção nacional do MST, a ocupação visa também reintroduzir a questão da reforma agrária na agenda política.

“Exigimos que esta área, que antes era usada para violentar mulheres, seja destinada para o assentamento destas famílias, para que possamos produzir alimentos saudáveis e combater as violências”, destacou Patrícia.

Feminicídios em Goiás

Entre os anos de 2019 e 2022, ocorreu um aumento de 121,4% nos casos de feminicídios em Goiás. Além disso, no último ano, foram registradas mais de 322 ocorrências de estupro e 15 mil ameaças contra mulheres.

• Política: Bruno Peixoto reduz folha da Alego em mais de 12% pelo 2° mês consecutivo

No âmbito nacional, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) estima que somente 8,5% dos casos de estupro sejam reportados à polícia.

Conforme essa tendência, em 2019, o mesmo instituto estimou que houve quase 45 mil casos de estupro em Goiás.