Seis policiais militares foram denunciados pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) por envolvimento em um caso de tortura ocorrido em janeiro deste ano, em Goiânia. O juízo da Auditoria Militar promoveu uma audiência de qualificação na tarde desta quarta-feira (8/3) para os PMs, que estão atualmente recolhidos no Batalhão Anhanguera.
Segundo as denúncias apresentadas, quatro militares teriam cometido sequestro ou cárcere privado e extorsão, tortura para confissão, além de associação criminosa com causa de aumento de pena. Os outros dois também foram denunciados por tráfico de drogas, inovação artificiosa, falsidade ideológica e falso testemunho ou falsa perícia.
A acusação é resultado de uma denúncia oferecida pelo MPGO, que motivou a audiência de qualificação na Auditoria Militar. Agora, cabe ao juízo decidir se os acusados irão a julgamento pelo Tribunal do Júri ou se serão absolvidos. A defesa dos PMs ainda não se pronunciou sobre o caso.
Relembre o caso dos policiais militares acusados de tortura e sequestro
Uma vítima de abuso policial denunciou ter sido torturada e extorquida por policiais militares em Goiânia. Segundo o depoimento dado ao MPGO, a mulher estava dirigindo com seu companheiro e amigos quando foram abordados por um carro descaracterizado ocupado por indivíduos que se identificaram como policiais.
Em seguida, outro veículo descaracterizado chegou ao local com homens que também se identificaram como policiais. Os policiais exigiram que a vítima entregasse dinheiro e uma quantidade de crack, mesmo sem evidências de crime.
Apesar da negação da vítima, os policiais mantiveram todos os ocupantes do carro detidos em um posto de gasolina. A vítima foi colocada em uma viatura caracterizada, enquanto os outros foram levados nas viaturas descaracterizadas.
O carro da vítima foi conduzido por um dos policiais militares sem farda e deixado na área do posto. Todos foram levados para uma área isolada em uma mata fechada, onde a vítima foi submetida a agressões e tortura.
Após a tortura, os policiais retornaram ao posto de combustíveis e o companheiro da vítima foi mantido retido na viatura caracterizada, enquanto outros dois militares o levaram para o estacionamento de um estabelecimento comercial. No local, os policiais forjaram um flagrante e o conduziram à Central de Flagrantes, acusando-o de tráfico de drogas.
O extrato de georreferenciamento da viatura, porém, comprovou que as declarações falsas inseridas pelos policiais no Registro de Atendimento Integrado (RAI) da ocorrência eram inverídicas..