Um inquérito será instaurado para apurar o crime de genocídio e crimes ambientais na Terra Indígena dos Yanomamis, em Roraima. A determinação é do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.
Dino fez parte da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que foi à Boa Vista, capital de Roraima, neste sábado (21/1), para ver de perto a dramática situação que atinge a comunidade indígena, vítimas de desnutrição e outras doenças.
A Polícia Federal deve iniciar as investigações ainda nesta segunda-feira (23) para apurar quem são os verdadeiros responsáveis pelo cenário de desassistência à comunidade dos Yanomamis.
De acordo com o ministro da Justiça, “há fortes indícios de crime de genocídio” diante dos “sofrimentos criminosos impostos aos yanomami”.
A terra indígena Yanomami tem muita relevância para o Brasil, posto que, em termos de extensão territorial, é a maior do país. Além disso, a comunidade vem sofrendo, por anos, com a invasão de garimpeiros, que contamina a terra e a água dos indígenas com mercúrio, o que impacta, também, na disponibilidade de alimentos.
Com este cenário de contaminação e fome, cerca de 570 crianças morreram nos últimos anos. Deste total, pelo menos 505 tinham menos de um ano de idade.
Outro ponto alarmante é que, em 2022, foram confirmados 11.530 casos de malária na região do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami. As faixas etárias mais afetadas estão entre os maiores de 50 anos, seguidas pelas faixas de 18 a 49 anos e de 5 a 11 anos.
Lula responsabiliza Bolsonaro pela desatenção aos Yanomamis; ex-presidente rebate
O presidente Lula acusou Bolsonaro em publicação no Twitter, neste domingo (22), de ser responsável pelo cenário de total desassistência visto na comunidade Yanomami.
Mais que uma crise humanitária, o que vi em Roraima foi um genocídio. Um crime premeditado contra os Yanomami, cometido por um governo insensível ao sofrimento do povo brasileiro.
📸: @ricardostuckert pic.twitter.com/Hv5vrYw477
— Lula (@LulaOficial) January 22, 2023
Além disso, o petista se comprometeu a combater as ilegalidades nas terras indígenas e acrescentou que “a humanidade tem uma dívida histórica com os povos indígenas, que preservam o meio ambiente e ajudam a conter os efeitos das mudanças climáticas”.
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O ex-presidente Jair Bolsonaro também se manifestou sobre as acusações, neste domingo (22), em seu canal no Telegram, alegando que as críticas são uma “farsa da esquerda”.
Na oportunidade, Bolsonaro citou ainda as medidas feitas, por seu governo, para a população indígena.
“Contra mais uma farsa da esquerda, a verdade: os cuidados com a saúde indígena são uma das prioridades do governo federal. De 2019 a novembro de 2022, o Ministério da Saúde prestou mais de 53 milhões de atendimentos de atenção básica aos povos tradicionais, conforme dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do SUS, o SasiSUS”, disse na mensagem.