Após os ataques em Brasília, o Exército Brasileiro e a Polícia Militar desmontaram, na manhã desta segunda-feira (9/1), um acampamento em frente o QG do exército, na capital do país. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes havia dado o prazo de 24 horas para que acampamentos fossem encerrados.
Conforme divulgado pela Comunicação do Exército, cerca de 40 ônibus com 1,5 mil manifestantes radicais foram retirados do local, sem resistência. No momento da retirada, alguns apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram autorizados a recolher os seus pertences, permanecendo ainda no acampamento. O número exato de presos ainda será divulgado, após triagem.
Os manifestantes foram encaminhados à sede da Polícia Federal, onde deverão ser ouvidos e um ato de prisão em flagrante, poderá ser lavrado. No entanto, ainda não se sabe quais serão as consequências aos participantes dos atos terroristas em Brasília. A polícia deve fazer uma separação entre os que invadiram o Congresso Nacional e os que permaneceram acampados para definir qual tipo de pena será imputado a cada um dos envolvidos.
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Estima-se ainda que cerca de 1.500 apoiadores de Bolsonaro possam ter fugido do acampamento. Até a última sexta-feira (6), mais ou menos 200 pessoas estavam acampadas em frente o QG do exército. No final de semana, após a convocação dos manifestantes em redes sociais, acredita-se que esse número subiu para 3 mil pessoas.
Além disso, Alexandre de Moraes determinou que hotéis do Distrito Federal entreguem listas com a identificação dos hóspedes que chegaram a Brasília a partir da última quinta-feira (5). Outra decisão do magistrado é que a Polícia Federal tenha acesso à todas imagens de câmeras do DF, para que os manifestantes sejam identificados.
“[Determina] à Polícia Federal que obtenha todas as imagens das câmeras do Distrito Federal que possam auxiliar no reconhecimento facial dos terroristas que praticaram os atos do dia 8 de janeiro, junto a todos os hotéis e hospedarias do Distrito Federal, a lista e identificação de hóspedes que chegaram ao Distrito Federal a partir da última quinta feira, bem como a filmagem do saguão (lobby) para a devida identificação de eventuais participantes dos atos terroristas”, consta na decisão.
Após ataques em Brasília, Lula faz despachos do Palácio do Planalto
Apesar da destruição deixada por manifestantes em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz despachos do Planalto, nesta segunda-feira (9). O chefe do executivo quer mostrar à sociedade brasileira e ao mundo que, mesmo após o caos instaurado na capital do país, as instituições estão preservadas. Foi o que disse o ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo, Paulo Pimenta.
“Não vão paralisar as instituições, presidente vai fazer reunião aqui no Planalto. O espaço físico foi violado, mas conteúdo dos Três Poderes está preservado”, afirmou o ministro.
Na manhã desta segunda-feira, Lula recebeu em seu gabinete, que não foi invadido, a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, o ministro da Corte Luís Roberto Barroso e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Estiveram presentes, também, outros ministros de governo.
Ao final da reunião, os chefes dos Três Poderes divulgaram nota em que dizem rejeitar “atos de terrorismo, vandalismo, criminosos e golpistas” e pedem “defesa da paz e democracia”.
Mais tarde, às 18 horas, o presidente da República se reunirá com governadores, onde devem discutir uma resposta institucional aos atos vistos em Brasília, neste domingo.