O número de jovens “nem-nem” que não trabalhavam e nem estudavam foi de 12,7 milhões em 2021, correspondendo a 25,8% das pessoas com idade entre 15 e 29 anos de idade do país. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada nesta sexta-feira (2/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Deste total, mulheres pardas e pretas contabilizam 41,9% e homens pretos ou pardos, 24,3%. Referente à parcela branca “nem-nem” da sociedade, as mulheres correspondem a 20,5% e os homens brancos, 12,5%.
Os dados divulgados pela IBGE incluem os jovens que não estudavam e estavam desocupados, mas que procuravam por emprego, como também aqueles que não estudavam e nem trabalhavam, isto é, que não tomavam providências para conseguir trabalho.
A pesquisa indica, portanto, um cenário preocupante para os jovens brasileiros, pois não ganharam experiência de trabalho e nem qualificação, o que pode comprometer seriamente as oportunidades futuras de trabalho.
A pesquisa não incluiu outros aspectos da qualificação juvenil que compõe a condição de estudante, como frequência em curso técnico de nível médio, curso normal (magistério), curso pré-vestibular e curso de qualificação profissional (cursos de formação para determinada ocupação).
De acordo com a analista do IBGE, Betina Fresneda, em 2020, inicio da pandemia, o número de jovens que estavam empregados caiu, o que não foi compensado pelo aumento no número de jovens que só estudavam. ”
Houve um aumento no número de jovens que não estudam e nem estão ocupados. Apesar da leve recuperação observada em 2021, essa condição continua afetando mais de 1 ⁄ 4 dos jovens de 15 a 29 anos”, explica a analista.
Os maiores percentuais dos jovens “nem-nem” estavam concentrados nos estados do Maranhão, com 37,7% e Alagoas, com 36,6%. Contrastando, veio Santa Catarina e Paraná, com 12,2% e 17,9%, respectivamente, os menores do país.
Brasil ocupou terceira posição entre países da OCDE com jovens adultos que não trabalhavam e nem estudavam
Uma análise do grupo de jovens adultos, com idade entre 18 e 24 anos, mostrou que, em 2020, o Brasil ocupou terceira posição entre países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre jovens que não trabalhavam e nem estudavam.
Os dados mostram que o percentual dos jovens “nem-nem” passou de 29,3% em 2019, para 34,1% em 2020. O percentual permaneceu alto em 2021 com taxa de 31,1%.
Segundo Fresneda, analista do IBGE, entre os países membros da OCDE, a maioria da população jovem dessas comunidades conseguiram aproveitar o primeiro ano da pandemia para estudar. No entanto, países como Brasil, Colômbia, Canadá e Estados Unidos foram na contramão disso.
“Isso fez com que nesse ano, o mais crítico para o mercado de trabalho, o grupo de jovens adultos que não estudavam nem estavam ocupados se tornasse a situação de atividade mais frequente desses jovens, representando mais de 1 ⁄ 3 dessa população”, pontua a analista.
No ranking, o Brasil só ficou atrás da África do Sul e Colômbia entre os países membros da OCDE com maior percentual de jovens adultos que não estudavam nem estavam ocupados.