Dez anos após a morte do radialista Valério Luiz, o julgamento finalmente chegou ao fim com a condenação de quatro dos cinco réus acusados de participação no homicídio. Eles saíram do tribunal direto para prisão.
O júri durou três dias, com mais de 12 horas cada sessão. A sentença de cada réu foi decidida pelos votos dos jurados, realizados em uma reunião de Conselho de Sentença. Cada um deles votou de forma anônima. Veja a condenação dos réus:
- Maurício Sampaio, apontado como mandante do crime, foi condenado a 16 anos de reclusão;
- Urbano de Carvalho Malta, acusado de contratar o atirador para cometer o crime, foi condenado a 14 anos de reclusão;
- Ademá Figueiredo Aguiar Filho, policial militar apontado como autor dos disparos, foi condenado a 16 anos de reclusão;
- Marcus Vinícius Pereira, acusado de ajudar no planejamento do homicídio, foi condenado a 14 anos de reclusão.
O quinto réu, Djalma Gomes da Silva, que era apontado como ajudante no planejamento do crime, foi absolvido por 4 votos a 3 do júri.
Conforme aponta a sentença, a culpabilidade de Maurício Sampaio foi considerada de grau intenso, uma vez que premeditou o crime com o objetivo de “calar a vítima, que exercia sua liberdade de expressão na condução de jornalista esportivo”.
Já a conduta de Ademá Figueiredo foi considerada de extrema gravidade pelo júri, uma vez que, por ser policial militar, teria a “obrigação legal de agir como garantidor da segurança pública e levar ao cidadão paz pública”.
Na sentença, a culpabilidade de Marcus Vinícius é por sua atuação na logística do crime, porque entregou a arma ao executor e também emprestou sua motocicleta, capacete e uma camiseta.
Por fim, a culpabilidade de Urbano de Carvalho “demonstra o grau de reprovabilidade da sua conduta, conformado o tipo penal e a natureza da participação do réu”.
Caso Valério Luiz: veja como foi o julgamento
O julgamento começou na segunda-feira (7) e durou três dias, sendo presidido pelo Juiz Lourival Machado da Costa. O primeiro foi dedicado aos depoimentos de cinco testemunhas de acusação arroladas pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO).
O segundo dia também foi de depoimento de testemunhas, mas da defesa, além de interrogatório dos cinco réus. A previsão era que ao menos 24 testemunhas fossem ouvidas, mas 16 foram dispensadas.
O terceiro dia foi marcado pelos debates entre a acusação e defesa para apresentação de suas sustentações. Na ocasião, a promotora Renata Marinho contou que o réu Maurício Sampaio teria oferecido R$ 15 mil para que Valério Luiz fosse demitido do trabalho.
A promotora ainda salientou que Sampaio agia de forma violenta e que a morte de Valério está relacionada diretamente a ele, uma vez que os outros réus não tinham relação com a vítima.
Na sustentação da defesa, o advogado Ricardo Naves falou sobre a possibilidade de manipulação nas provas que foram apresentadas no processo e disse que não existem provas materiais contra Maurício Sampaio.
Filho da vítima
Após o resultado da sentença, Valério Luiz Filho disse que há possibilidade de recorrer para que a pena dos réus sejam aumentadas, uma vez que foram penas medianas. “Minha intenção é que peguem o máximo possível”. Ele também contou que vai estudar sobre a absolvição de Djalma para que possa recorrer da decisão.
Antes da sentença, o julgamento já tinha sido adiado outras quatro vezes. A primeira foi no dia 23 de junho de 2020, por causa da pandemia de Covid-19. A segunda foi em março deste ano, quando o advogado de Maurício Sampaio deixou o caso.
O terceiro adiamento foi em 2 de maio deste ano, quando os advogados de Maurício Sampaio abandonaram o plenário alegando parcialidade do juiz Lourival Machado, que presidia a sessão. A última vez foi em 14 de julho, quando um jurado passou mal no segundo dia de julgamento e deixou o hotel sozinho.
Justiça mantém multa de R$ 120 mil a advogados que abandonaram júri do caso Valério Luiz
O crime
Valério Luiz foi morto a tiros no dia 5 de julho de 2012, aos 49 anos, quando ele saía da rádio onde trabalhava. Segundo denúncia do Ministério Público, o crime foi motivado pelas críticas constantes de Valério Luiz ao Atlético-GO, do qual Maurício Sampaio era vice-presidente.