Quatro policiais militares viraram réus no caso de um jovem que morreu após uma abordagem em Goiânia. Ele foi filmado sendo colocado dentro de uma viatura, sem oferecer resistência, mas morreu pouco tempo depois em um suposto confronto.
A denúncia foi feita pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) por homicídio qualificado por motivo torpe e de maneira que dificultou a defesa da vítima. O pedido foi acatado pela Justiça na terça-feira (25/10).
De acordo com o juiz Eduardo Pio Mascarenhas, o laudo da morte do jovem, identificado como Henrique Alves Nogueira, aponta que ele foi alvejado com quatro tiros e, ainda, se ajoelhou antes de morrer.
“Em momentos que antecederam a sua morte e naquele cenário, a vítima tombou ou se colocou de joelhos por certo lapso temporal, promovendo a formação de sujidades na face anterior da calça”, destacou.
Na decisão, o juiz determinou uma reprodução simulada dos fatos. Além disso, também foi ordenado que a Polícia Civil faça uma investigação detalhada sobre as circunstâncias de uma primeira prisão de Henrique, quando ele conseguiu fugir da viatura algemado.
Relembre o caso que levou os PMs a virarem réus
Henrique Alves, de 28 anos, foi encontrado morto na noite do dia 11 de agosto. No mesmo dia, porém pela manhã, ele foi filmado sendo abordado por policiais militares. Na ocasião, ele foi revistado e colocado no porta-malas da viatura.
Por volta de 22h, a mesma viatura ligou para a Delegacia de Investigação de Homicídios informando que Henrique teria sido morto durante um confronto.
Cinco dias após a morte de Henrique, os quatro policiais militares que participaram da abordagem foram presos. No dia 21 de outubro, após investigações, eles foram denunciados pelo Ministério Público.
O promotor de Justiça Geibson Rezende apontou que a morte de Henrique pode ser sido ocasionada por uma prisão anterior. Dias antes da abordagem filmada, Henrique teria roubado um celular, foi preso, algemado e, mesmo assim, conseguiu fugir da viatura.
Posteriormente, os policiais o encontraram, cobraram a quantia de R$ 100 pelas algemas e teriam o ameaçado de morte.
Defesa
Em depoimento, os policiais contaram que abordaram Henrique pela manhã e o levaram até o local onde ele apontou que teria droga escondida. No local, eles disseram que o soltaram antes de procurar o entorpecente, pois receberam solicitação de outra ocorrência de um possível roubo a banco.
Depois que constataram que era um alarme falso, os policiais foram atrás de um suposto flagrante de tráfico de drogas, que tiveram acesso quando mexeram no celular de Henrique. Este aparelho nunca foi encontrado.
Posteriormente, já no setor Real Conquista, os policiais encontraram Henrique na garupa de uma moto e tentaram fazer a abordagem, mas ele reagiu atirando. A outra pessoa que estava na moto teria fugido, segundo os policiais.
O Portal Dia entrou em contato com a Polícia Militar para se manifestar sobre o caso e aguarda retorno. A defesa dos policiais envolvidos não foi localizada, mas o espaço segue aberto.