A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia suspendeu, nesta terça-feira (19), todos os atendimentos eletivos (consultas, exames e cirurgias). A paralisação faz parte de um movimento nacional das mais de duas mil Santas Casas brasileiras, que alertam para o risco de fechamento definitivo diante da pior crise financeira enfrentada pelos hospitais.
De acordo com a superintendente Geral do hospital, Irani Ribeiro de Moura, o ato não é uma greve, mas sim um pedido de socorro. Todos os atendimentos previstos para hoje foram remarcados.
Além desta paralisação, uma mobilização das Santas Casa em Brasília está prevista para o dia 26 de abril. O objetivo é alertar sobre a crise e também para os impactos da aprovação do PL 2564/20, que tramita na Câmara Federal e fixa os pisos salariais dos profissionais de enfermagem.
Repasse de procedimentos à Santa Casa de Goiânia
Conforme aponta a superintendente, há uma enorme discrepância entre os valores recebidos e os custos da assistência prestada, principalmente à parcela mais carente da população que depende do SUS e representa mais de 95% dos atendimentos da Santa Casa.
Levantamento aponta que, por ano, há uma discrepância de R$ 10,9 bilhões entre os valores pagos e gastos nas unidades filantrópicas. Nos últimos 28 anos, desde o início do plano real, a tabela Sistema Único de Saúde (SUS) e seus incentivos foi reajustada em média em 93,77%. Entretanto, no mesmo período, o INPC subiu 636,07%, o salário-mínimo 1.597,79% e o gás de cozinha 2.415,94%.
“A Santa Casa de Misericórdia de Goiânia é responsável por mais 70% do atendimento do SUS na capital. Somos o hospital de alta complexidade do município e trabalhamos para oferecer um atendimento de qualidade, pois a população merece ser bem atendida”, explica Irani, ressaltando que, em contrapartida, a Santa Casa recebe do SUS R$ 10 por uma consulta médica.
Atrasos nos repasses
A superintendente da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia destacou ainda que o hospital está enfrentando problemas com reajuste de medicamentos e atrasos nas transferências por parte da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
O governo federal transfere dinheiro para o município após 60 dias de atendimento, mas em Goiânia demora mais de 100 dias para transferir para o hospital.
“É preciso rever a tabela do SUS e é preciso também mais investimento por parte dos Governos Federal, Estaduais e Municipais, afinal o SUS é um sistema tripartite e o fechamento dos hospitais filantrópicos provocaria um caos na saúde pública”, afirma Irani.