Um novo sítio arqueológico foi encontrado em Goiás e a descoberta tem deixado arqueólogos instigados com a complexidade e antiguidade dos vestígios encontrados. O sítio foi localizado devido à escavações realizadas na zona rural do município de Montes Claros de Goiás, região Oeste do estado.
As escavações descobriram dois grupos humanos em um abrigo rochoso. Através de uma análise feita com Carbono 14, em laboratórios norte-americanos, constataram que o primeiro grupo de ocupação data de 3.520 anos. Para manter a seguridade do local e dos achados, o sítio arqueológico recém-descoberto foi cadastrado pela superintendência de Goiás do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Os arqueólogos que descobriram o local, nomearam o sítio como Toca da Anta e o mesmo é alvo de atuação desde o ano de 2019, atendendo às exigências impostas pelos licenciamos ambientais. De acordo com informações de Mozart Júnior, coordenador dos trabalhos, a descoberta está localizada em um abrigo rochoso e que não pode ser considerado como uma caverna. As ocupações recém-descobertas dizem respeito à ocupações humanas diferentes, onde os primeiros vestígios foram encontrados à cerca de 2,5 metros de profundidade.
“No primeiro momento, passaram ali caçadores-coletores nômades. Depois, numa fase mais recente, horticultores-ceramistas. O mais interessante é que encontramos pinturas rupestres na parede que estão associadas ao primeiro grupo, os caçadores-coletores. Sabemos disso porque a tinta utilizada, o ocre, está associada ao material arqueológico lá de baixo. Esse é um sítio multicomponencial, como chamamos na arqueologia”, afirma Mozart Júnior.
Artefatos e itens encontrados com a escavação
O Iphan afirmou que a área onde o sítio arqueológico está localizado é uma zona preservada, com certa de 7.640 m² de delimitação. Desta forma, pode-se dizer que os itens encontrados no local estão em um ótimo estado de conservação. Ao todo foram identificados e coletados 3.229 artefatos, entre objetos de pedra e cerâmica, ferramentas de corte e raspadores, ossadas de pequenos animais e porções de carvão.
“O que me deixou feliz foi a conservação e a possibilidade de fazer a datação. É muito difícil encontrar carvão estruturado que possibilita uma boa datação. E ali nós encontramos. Isso acaba somando às informações sobre a ocupação do planalto central”, explicou arqueólogo responsável pelo local.
Os artefatos foram coletados e enviados ao Museu Histórico de Jataí, uma das instituições credenciadas pelo Iphan, em Goiás, para guardar acervos arqueológicos. A expedição em Montes Claros de Goiás descobriu outros quatro sítios arqueológicos, porém como estes estão localizados em locais onde a terra foi explorada pela agricultura e maquinários agrícolas, as peças encontradas estavam esfalecidas, causando muitas perdas.