A Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE/GO), por intermédio do Núcleo Especializado de Direitos Humanos (NUDH), solicitou à Diretoria-Geral de Administração penitenciária (DGAP) que envie informações que esclareçam as circunstâncias envolvendo a morte do detento Wanderson Mota Protácio.
O estado tem o prazo máximo de 48 horas para entregar o relatório contendo as informações. Wanderson Mota foi encontrado morto em sua cela, no Núcleo de Custódia, localizado no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, nesta terça-feira (18).
O ofício da solicitação foi recebido e assinado pelo coordenador da NUDH e posteriormente enviado à DGAP. O coordenador informou que “as informações são necessárias para que a Defensoria possa tomar as medidas pertinentes caso tenha havido uma possível violação dos Direitos Humanos no fato”.
A Defensoria Pública do Estado de Goiás afirmou que só soube da morte do detento através de notícias veiculadas nos meios de comunicação. O documento questiona também sobre a possibilidade de existir câmeras de segurança interna próximas ao local onde o fato aconteceu, além de informações como o nome dos servidores que encontraram o corpo do detento sem vida, número do processo administrativo instaurado para apurar o caso e número da ocorrência.
A DGAP informou que o Núcleo de Custódia, local onde Wanderson Mota se encontrava detido, possui câmeras de segurança e que no momento que o detento chegou ao local, o mesmo passou por consultas médicas para comprovar seu estado de saúde.
Durante todo o período em que esteve detido, o suspeito do triplo homicídio não solicitou atendimentos médicos e psicológicos, bem como não informou o uso frequente de nenhum tipo de medicamento.
De acordo com informações da DGAP, os servidores que estavam de plantão no dia da morte do detento já começaram a ser ouvidos pela ouvidoria e também pelos órgão responsáveis por investigar as circunstâncias envolvendo o falecimento de Wanderson Mota.
Relembre o caso de Wanderson, suspeito de triplo homicídio
Wanderson é suspeito de matar a própria esposa grávida, de 21 anos, a enteada, de 2 anos, e um fazendeiro, de 73 anos, no dia 28 de novembro do ano passado, em Corumbá de Goiás. Ele também teria ferido uma mulher.
Segundo apontam as investigações, primeiramente o homem matou a mulher dele e a enteada. Posteriormente, o suspeito furtou um revólver e matou o fazendeiro. Ele ainda roubou uma caminhonete para fugir da cidade. Entretanto, antes da fuga, o homem tentou estuprar a mulher do fazendeiro, mas não conseguiu, momento que atirou no ombro dela.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Tibério Cardoso, Wanderson poderia responder pelos seguintes crimes:
- Duplo homicídio qualificado (feminicídio) – pena de 12 a 30 anos de detenção;
- Aborto ( pois a mulher estava grávida) – pena de 3 a 10 anos;
- Latrocínio consumado – pena de 20 a 30 anos;
- Latrocínio tentado – até 30 anos;
- Furto qualificado (pois furtou a arma do patrão) – de 2 a 8 anos;
- Tentativa de estupro – de 6 a 10 anos;
- Porte de arma – de 2 a 4 anos.
De acordo com a Polícia Civil, o caseiro já havia sido preso anteriormente por tentar matar a ex-mulher a facadas, em Goianápolis. Segundo o delegado Tibério Martins, a tentativa de feminicídio aconteceu em 2019. Ele então foi preso, quando tinha 18 anos, e liberado em março do ano passado.