As investigações do Ministério Público de Goiás (MP-GO), em desfavor do Padre Robson, foram autorizadas a continuar. O padre é investigado por improbidade administrativa resultante do uso impróprio do dinheiro destinado à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe). A decisão foi do desembargador Jairo Ferreira Junior, na última segunda-feira (13/12).
Em relação as acusações, o religioso sempre negou qualquer irregularidade enquanto estava no comando da associação. O advogado Cleber Lopes de Oliveira, responsável pela defesa do padre Robson nos processos, diz que com esta decisão tomada pelo desembargador, abre possibilidades para que o MP-GO possa dividir as provas da investigação entre o processo criminal e a ação por improbidade administrativa. Quanto ao processo criminal, este se encontra parado.
Ainda de acordo com o advogado, para que a ação de improbidade aconteça é necessário a existência de um agente público ou privado que ser o receptor do dinheiro, o que [de acordo com o advogado] não aconteceu. “A Afipe é uma entidade privada que recebe dinheiro privado. Justamente por isso, o TJ-GO trancou o PIC (processo criminal), quando a defesa mostrou que não há crime no uso do dinheiro. Quando o MP ingressou com o inquérito civil público, nós fizemos uma reclamação mostrando que o PIC já tinha sido trancado pelos mesmos fundamentos”, declarou o advogado de defesa, Cleber Lopes.
Devido a esse novo passo do inquérito civil público, a reclamação foi usada como um recurso de defesa e será analisada novamente pela Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás. Na hipótese de que ela demora a ser apreciada, a defesa do padre afirma que buscará uma nova liminar que visa impedir que o inquérito use as provas existentes na ação criminal. Cleber Lopes, afirma também que o destino das arrecadações e dinheiros da Afipe devem ser discutidos internamente pelos membros da entidade.
Operação Vendilhões: esquemas envolvendo Padre Robson de Oliveira
A investigação do caso começou quando o padre Robson de Oliveira ainda estava à frente do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno. Segundo o Ministério Público, ele teria criado associações a fim de desviar dinheiros de doações de fiéis. Cerca de R$ 100 milhões foram usados na compra de fazendas, casa na praia e até mesmo avião.
Durante as investigações ainda foi apontado que o padre também estaria envolvido em um suposto esquema de pagamento de propina, inclusive para desembargadores do Tribunal de Justiça de Goiás para receber uma decisão favorável em um processo envolvendo uma fazenda comprada pela Afipe.
Após a descoberta do caso, a investigação foi encaminhada para o STJ, que manteve a investigação bloqueada em maio desde ano. À época, o desembargador considerou que as provas usadas pelo Ministério Público durante a operação foram compartilhadas de maneira ilegal de outra apuração.