O ginecologista e obstetra Nicodemos Júnior Estanislau Morais, de 41 anos, deve passar por audiência de custódia na tarde desta sexta-feira (1º), em Anápolis. O advogado do médico, Carlos Eduardo Martins, deve pedir a revogação da prisão preventiva do investigado.
Nicodemos Júnior foi preso na última quarta-feira (29/9), suspeito de violência sexual mediante fraude contra pacientes durante exames e consultas. A investigação começou depois que três vítimas denunciaram o médico. Até o momento, mais de 50 mulheres entraram em contato com a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) para formalizar denúncia.
De acordo com a delegada Isabella Joy, dezenas de mulheres já foram ouvidas e todas relataram terem sofrido algum tipo de abuso sexual. Em um dos casos, uma vítima disse que foi abusada quando ainda tinha 12 anos, mas só agora, com a prisão do médico, conseguiu falar sobre o caso. Ainda segundo a delegada, há relato de vítimas que foram abusadas durante o parto e, como consequência, tiveram depressão pós-parto.
Em nota, a defesa do médico afirma que não teve acesso a todo o inquérito e que, até o momento, todos os procedimentos realizados pelo médico foram “o simples exercício da profissão e em nenhum momento realizou qualquer tipo de procedimento médico com cunho sexual”. O advogado ainda aponta que outras pacientes do médico se prontificaram a depor em favor dele.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) informou, por meio de nota, que “vai apurar o caso e a conduta do médico no exercício profissional”.
Força-tarefa no caso do ginecologista suspeito de crimes sexuais, em Anápolis
Por causa da quantidade de mulheres que já entraram em contato com a delegacia para denunciar o suspeito, a Polícia Civil montou uma força-tarefa para ouvir as vítimas. As denúncias podem ser feitas pelo telefone 197.
De acordo com a delegada Isabella Joy, foram convocadas mais agentes mulheres e escrivãs para atender as vítimas.
Relatos de vítimas
Muitas vítimas só tomaram coragem de denunciar os abusos sofridos depois da prisão do ginecologista. Uma delas, hoje com 20 anos, relata que foi abusada com 12 anos. Na época, o médico disse que ela deveria se masturbar, mostrou quadrinhos e vídeos pornôs, e colocou a mão dela em suas partes íntimas.
Outra paciente conta precisou de acompanhamento com o médico após o parto, por causa de problemas hormonais. Entretanto, em uma das consultas ela afirma que ele teve conversas inadequadas, mostrou sites pornográficos e brinquedos eróticos. Além disso, também teria tocado o corpo da vítima de forma inapropriada.
Uma outra mulher relatou que o abuso teria acontecido no ano passado, quando fazia um exame. Com os dedos em sua vagina, o médico teria elogiado seus olhos, seu órgão sexual e ainda perguntado sobre sua a relação sexual com o marido.
Condenação pelo mesmo crime
Segundo a Polícia Civil, o suspeito tem registro profissional (CRM) ativo em Goiás, Pará, Paraná e Distrito Federal. Na capital federal, o médico tem sentença condenatória por violação sexual mediante fraude. No Paraná, uma vítima também registrou ocorrência, também por violação sexual, mas o caso foi arquivado.