A Polícia Civil de Goiás, por meio da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (DECCOR), deflagrou nesta quinta-feira (16/9), a Operação Parasitas, que tem como objetivo a investigação de desvios de recursos públicos da área da saúde no ano de 2020 destinados para o combate à pandemia em hospitais de Goiás.
Na ação foram cumpridos 23 mandados de busca e apreensão, sendo 21 em Goiânia e dois em São Paulo. Além disso, também foram apreendidos bens dos investigados no valor de R$ 6 milhões, que serão destinados à reparação dos danos causados ao erário.
Os crimes investigados são de constituição de organização criminosa, falsidade ideológica, peculato e lavagem de dinheiro.
Investigação de desvios de recursos públicos em hospitais de Goiás
As investigações da Polícia Civil apontam indícios de esquema criminoso instalado na Organização Social Instituto Brasileiro de Gestão Hospitalar (IBGH), que teria resultado no desvio de cerca de R$ 6 milhões destinados a compra de materiais e insumos hospitalares destinados principalmente ao combate da pandemia de Covid-19.
Para o direcionamento de contratos, foram criadas empresas de fachada registradas em nome de laranjas para o fornecimento de materiais hospitalares. Após o pagamento, parte do dinheiro retornava para pessoas ligadas aos gestores da OS.
As investigações ainda revelaram indícios de emissão de notas fiscais falsas pelas empresas de fachada para justificar o recebimento de recursos públicos, assim como que em alguns casos os materiais contratados não teriam sido entregues, ou foram entregues em menores quantidades ou com qualidade reduzida.
As irregularidades teriam ocorrido em contratos de Gestão relacionados à administração do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP), dos Hospitais Estaduais de Pirenópolis (HEELJ), Jaraguá (HEJA) e de Urgências da Região Sudoeste, em Santa Helena de Goiás (HURSO). Há também a suspeita de lavagem de dinheiro em centros médicos voltados a tratamento de pacientes de Covid-19 localizados no Estado do Amapá.
Uma das empresas, após seus sócios terem recebido R$ 700 mil em uma contratação com indícios de fraude no mês de abril de 2020, que previa o fornecimento de 20 mil unidades de máscaras de proteção facial ao HMAP, foi transferida para o nome de um cantor de rap que reside no Estado de Minas Gerais, apontado com o suposto “laranja”. Nessa contratação, comparado o valor de mercado praticado pelo mesmo produto, foi verificado sobrepreço na ordem de 2.888% por unidade de máscara.
A Polícia Civil ressaltou que apenas os hospitais de Goiás não são mais administrados pela Organização Social investigada, pois os contratos foram revogados.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia esclareceu “que não é alvo da operação em questão e que possui 15 auditores externos independentes analisando todas as prestações de contas dos serviços executados pela organização social na gestão do Hospital.”.
O Dia Online entrou em contato com o IBGH e aguarda retorno.