O Ministério da Saúde informou nesta sexta-feira (2/7), em Brasília, que nenhuma dose vencida de vacina contra a covid-19 é repassada aos estados e ao Distrito Federal. A pasta acrescentou que o prazo de validade dos imunizantes é rigorosamente acompanhado desde o recebimento até a distribuição.
A divulgação da informação foi motivada pela publicação de uma matéria do jornal Folha de S.Paulo. Segundo a publicação, cerca de 26 mil doses de vacinas da AstraZeneca teriam sido aplicadas após o vencimento em 1.532 municípios.
Segundo o ministério, os estados são orientados a distribuírem imediatamente os imunizantes recebidos, sendo obrigação dos gestores locais do Sistema Único de Saúde (SUS) fazer o armazenamento correto e a aplicação das doses dentro do prazo de validade.
Divergências no preenchimento de dados
Os municípios goianos que foram citados afirmaram que não aplicaram doses vencidas da vacina. Em nota, a Prefeitura de Goiânia disse que recebe as doses com prazo de validade de aproximadamente dois meses e todas são aplicadas em cerca de quatro dias. Além disso, a prefeitura afirma erro no lançamento no sistema.
“Goiânia faz vacinação em locais como drive thru, onde não é possível lançar imediatamente as doses no sistema Conect SUS, os dados são anotados manualmente e depois lançados do sistema. Em alguns casos houve erro neste lançamento posterior, em vez de colocar da data de aplicação, colocaram a data do dia do lançamento. A secretaria garante, portanto, que, em Goiânia, não houve aplicação de doses vencidas em moradores do município.”.
Em Caldas Novas, a mesma situação aconteceu. “Foram analisados os documentos utilizados para relacionar os dados pertinentes à vacinação e foi constatado que se trata apenas de erro material ao alimentar o sistema de imunização. Desta maneira, a Secretaria de Saúde tranquiliza a população caldasnovense e garante que todas as vacinas aplicadas até hoje estavam dentro do prazo de validade.”, informou a prefeitura em nota.
Segundo o Ministério da Saúde, o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19 (PNO) orienta que doses aplicadas fora do prazo de validade não podem ser consideradas para imunização, sendo recomendado recomeçar o ciclo vacinal, respeitando intervalo de 28 dias entre as doses.
Fiocruz
Em nota, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou que os lotes que estariam com prazo de validade expirado não foram feitos no Brasil. O órgão pertence ao Ministério da Saúde e é responsável pela produção nacional dos imunizantes da AstraZeneca contra a covid-19.
Segundo a Fiocruz, os lotes sob suspeita foram importados da Índia e são do tipo do imunizante da AstraZeneca chamado de Covishield. Os demais carregamentos foram enviados pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS).
“Todas as doses das vacinas importadas da Índia (Covishield) foram entregues pela Fiocruz em janeiro e fevereiro dentro do prazo de validade e em concordância com o MS [Ministério da Saúde], de modo a viabilizar a antecipação da implementação do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, diante da situação de pandemia. A Fiocruz está apoiando o PNI [Programa Nacional de Imunização] na busca de informações junto ao fabricante, na Índia, para subsidiar as orientações a serem dadas pelo programa àqueles que tiverem tomado a vacina vencida”, informou a Fiocruz.