A Prefeitura de Aparecida de Goiânia comprovou, por meio do trabalho de sequenciamento genômico, três casos de reinfecção pela Covid-19. As análises dos casos foram encaminhadas à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que atestou as ocorrências na última sexta-feira (23/4).
Com estes três casos, o Brasil soma 14 casos comprovados de reinfecção pelo vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19. Os pacientes que realizaram o exame RT-PCR testaram positivo para a Covid-19 em duas ocasiões diferentes, dentro de um intervalo de mais de 90 dias. Dois deles foram reinfectados pela linhagem P.1, conhecida como variante de Manaus.
De acordo com a diretora de Avaliação de Políticas de Saúde da Secretaria de Saúde de Aparecida, Érika Lopes, o primeiro caso é de um homem, de 60 anos, hipertenso, assintomático no primeiro episódio e que 94 dias depois testou positivo mais uma vez para a Covid-19. Já o segundo caso é de uma mulher de 25 anos, com bronquite, que se reinfectou em um intervalo de 188 dias. E o terceiro caso é de um homem de 25 anos, sem comorbidades, que se infectou novamente 225 dias depois. Segundo Érika Lopes, esses dois últimos relataram sintomas mais leves na segunda vez que manifestaram a doença e ambos foram reinfectados pela variante P.1.
“É preciso esclarecer que enquanto o Sars-CoV-2 estiver circulando, infectando e reinfectando pessoas, ele sofre mutações. Esse é um processo natural da replicação do vírus. Algumas dessas mutações podem garantir um maior poder de adaptação, gerando novas linhagens mais infectantes, letais ou com escape imunológico. Por isso, é importante identificar e monitorar as variantes em circulação. A reinfecção não é um evento raro, mas com a baixa escala de sequenciamento genético realizado no Brasil, pouco ainda se sabe. Porém, com os dados em mãos, podemos relacioná-los com as informações epidemiológicas dos pacientes e assim entender melhor a dinâmica de evolução e dispersão do vírus”, completa a diretora.
Análises dos casos de reinfecção pela Covid-19, em Aparecida de Goiânia
De acordo com a prefeitura, até o momento, foram analisadas 97 amostras de pacientes que testaram positivo para a doença, seguindo três critérios:
- material de pessoas com suspeita de reinfecção, isto é, com dois RT-PCR positivos em um intervalo superior a 90 dias, e com carga viral suficiente para realizar o processamento;
- material de pacientes com menos de 60 anos e sem comorbidades que ficaram internados na UTI do Hospital Municipal de Aparecida (Hmap);
- material de pacientes aleatórios, agrupados por semana epidemiológica.
Das 97 amostras analisadas, 46 foram coletadas no ano passado e 51 em 2021. “Enquanto nos materiais analisados de 2020 não identificamos nenhuma variante considerada de preocupação, nas amostras deste ano, 58,8% foram das linhagens P.1 e 3,9% da B.1.1.7., originária no Reino Unido. Além disso, dos 22 pacientes com menos de 60 anos e sem comorbidades que desenvolveram formas graves e precisaram de internação em UTI, 19 foram infectados por essas duas variantes, que juntas foram responsáveis pela contaminação de 86,3% dos pacientes desse grupo estudado”, explica a diretora de Avaliação de Políticas de Saúde da Secretaria de Saúde de Aparecida, Érika Lopes, responsável também pelo Programa de Sequenciamento Genômico.