Atendendo a um pedido do atual representante da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), Padre André Ricardo de Melo, a Justiça desbloqueou, na última quarta-feira (23/9), quase R$ 3 milhões que estavam bloqueados na da entidade desde o mês de agosto.
Melo, que substitui o Padre Robson de Oliveira, argumentou que o bloqueio de R$ 2.913.908,73 “compromete o funcionamento e o pagamento de despesas com funcionários”.
Além disso, o padre ponderou que o bloqueio não é necessário, levando em consideração que foram adotadas providências internas para evitar a suposta dilapidação indevida do patrimônio da Afipe, como o afastamento do padre Robson e outros investigados por suspeita de envolvimento em um esquema de desvio de dinheiro de doações para a compra de casa na praia, fazenda e até avião.
Operação Vendilhões
Em agosto deste ano, o Ministério Público de Goiás (MP-GO), com o apoio das Polícias Civil e Militar do Estado de Goiás, deflagrou uma operação com o objetivo de apurar crimes, em tese, praticados pelos diretores das Associações identificadas como AFIPE (Associação Filhos do Pai Eterno e Associação Pai Eterno e Perpétuo Socorro), mantenedora do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Goiás.
Conforme o MP-GO na ocasião, possíveis crimes de apropriação indébita, lavagem de capitais, organização criminosa, sonegação fiscal e falsidade ideológica teriam sido praticados pelos dirigentes das três associações ligadas à Igreja Católica em Trindade, que recebiam doações em dinheiro de fiéis. Através da Operação Vendilhões, foram bloqueados judicialmente R$ 60 milhões em bens imóveis e valores em contas bancárias dos envolvidos.
De acordo com o promotor de Justiça Sebastião Marcos Martins, que coordenou a ação, foi analisada uma movimentação financeira equivalente a R$ 1,7 bilhão. Segundo ele, a fraude não atinge o montante na sua íntegra, mas, a partir da documentação apreendida, será possível definir o valor que foi desviado.
Teriam sido beneficiados com o desvio o padre Robson de Oliveira Pereira, que preside as associações da Afipe e uma rede de empresas e pessoas que foi criada para a realização das possíveis fraudes.
Em comunicado divulgado recentemente à imprensa, a nova direção da Afipe destacou que está tomando “todas as providências para que não haja nenhuma mancha ou dúvida nas suas ações, que sempre buscaram a evangelização”. Em outro trecho enfatiza que “a verdade precisa vir à tona para continuar a cumprir o dever de evangelizar através do Santuário de Trindade e nos meios de comunicação social”.