Uma revisão de estudos das universidades Pedagógica e Tecnológica da Colômbia e Miguel Hernández de Elche, na Espanha, revelou que gestantes com periodontite (infecção que destrói a gengiva e até os ossos que dão suporte aos dentes) correm um risco duas vezes maior de passarem por um parto prematuro (com menos de 37 semanas de gravidez). Em 60% dos levantamentos, essa associação entre infecção periodontal e aumento da possibilidade de parto antes da hora foi confirmada. Pouco difundido, o tema merece destaque no Dia da Gestante, celebrado em 15 de agosto.
O que muitas mulheres desconhecem é que, para evitar situações como esta, existe o pré-natal odontológico, no qual o profissional pode orientar a gestante sobre os cuidados com os dentes e toda a cavidade oral. Isso evita o surgimento de doenças e abre a possibilidade de tratar eventuais problemas já presentes. Além disso, durante a gravidez, há um aumento nos níveis dos hormônios progesterona e estrogênio, que provocam a dilatação dos vasos sanguíneos. Assim, ocorrem mais facilmente sangramentos na gengiva.
O cirurgião-dentista André Ferreira, que possui um consultório no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, alerta que poucas mulheres sabem que esse cuidado durante a gestação é necessário. “Pela minha experiência, tanto na rede pública quanto privada, digo que não chega a 10% das mães que têm esse cuidado”, estima. Ele revela que a primeira consulta com o odontólogo deve ocorrer assim que a gravidez for descoberta. “É feita uma avaliação da saúde bucal da mulher e o resultado vai apontar quantas vezes ela precisará se consultar no período”, explica.
Consequência para o feto
O especialista ressalta que há questões específicas em gestantes, como a gengivite gravídica, e que, também, dependendo do problema bucal que a mãe apresenta, pode haver consequências para a saúde do feto, propagadas por meio da corrente sanguínea. “Doenças podem se tornar sistêmicas e podem causar danos ao bebê como baixo peso, infecções respiratórias e até o parto prematuro”. André conta ainda que também são passadas orientações quanto a higiene bucal do recém-nascido, que deve acontecer desde sempre e não apenas quando nascem os primeiros dentes.
“Muitas mães se surpreendem com todas as informações que passamos. Porque, por exemplo, após o nascimento a mulher deve continuar atenta com sua saúde bucal, pois ela pode passar alguma doença para o bebê através do beijo, do compartilhamento de talheres e até pela fala próxima”, destaca o cirurgião-dentista. Ele explica que odontopediatras costumam fazer o pré-natal odontológico, mas que clínicos gerais ou algum profissional que a paciente já tenha o hábito de ir também podem fazer o acompanhamento da gestante.
André Ferreira lembra que muitas grávidas evitam se consultar durante a gestação, pois existem vários mitos e medos, como de anestesias, mas nada deve impedir o acompanhamento. “Os profissionais devem ter alguns cuidados com as grávidas, pois entre o terceiro e o quarto mês não é recomendado fazer radiografias, a anestesia deve ser evitada em certos momentos, mas nada que atrapalhe o tratamento. Até porque, talvez ela esteja com uma boa saúde bucal e não precise de nada muito complexo. O importante é preservar a saúde de mãe e filho”, destaca.