Após exaustiva, mas rápida, investigação realizada por uma força-tarefa montada exclusivamente para o caso, a Polícia Civil de Goiás constatou que Hian Alves, de 18 anos, planejou e executou sozinho a morte do pequeno Danilo de Sousa Silva, de 7 anos. Hian teria sido motivado pelo sentimento de ciúmes da relação de seu pai adotivo, um pastor conhecido na região do Parque Santa Rita, em Goiânia, com o padrasto de Danilo, Reginaldo Lima Santos, de 33 anos.
Em uma coletiva de imprensa no fim da tarde desta segunda-feira (10/8), o delegado Rilmo Braga, um dos responsáveis pelo caso, informou que o inquérito foi concluído e remetido ao Poder Judiciário. Nele, a corporação decidiu por indiciar somente Hian Alves.
O delegado conta que a relação do pai adotivo de Hian, um pastor evangélico reconhecido na região por obras de caridade como doações de cestas básicas, com Reginaldo, padrasto do pequeno Danilo, teria despertado ciúmes e revolta no indiciado, que já tinha uma rixa antiga com Reginaldo.
O rapaz não aceitava o fato de a família de Reginaldo ser ajudada por seu pai adotivo e via exageros na relação dos dois, como “afagos financeiros”, como detalha o delegado Rilmo Braga.
Com o avanço das investigações, os policiais tiveram acesso a informações testemunhais de pessoas que, segundo Rilmo, narram o momento em que Hian convidou Danilo a ir a um matagal supostamente buscar uma pipa. Lá, conforme o inquérito policial, Hian matou a criança como uma forma de se vingar de Reginaldo.
“Hian matou por ciúmes. Ele teria um sentimento de revolta em desfavor do padrasto, do Reginaldo, para se vingar do Reginaldo”, revelou o delegado.
Sem violência sexual
Inicialmente, levantou-se a suspeita de que Danilo também havia sido vítima de violência sexual. Entretanto, a suspeita foi descartada após a perícia. O delegado Rilmo Braga conta que a vara apontada pelo indiciado, Hian Alves, foi usada por ele para mexer nas nádegas da vítima para comprovar se ele realmente estava morto.
A causa da morte foi confirmada como asfixia por lama.
Padrasto é inocente
De acordo com Rilmo, Hian teria executado o crime com a convicção de que Reginaldo seria apontado como culpado, devido ao seu histórico de passagens policiais.
Conforme o delegado, Hian cometeu o crime “tendo certeza que a ele [Reginaldo] iria ser imputado o bárbaro crime”. “Alguns anos atrás, Reginaldo foi apontado como autor de uma tentativa de feminicídio contra a esposa, e foi investigado também por crimes sexuais”, contou Rilmo.
Porém, Rilmo destacou que, “inegavelmente e de todas as formas técnicas e científicas”, Reginaldo não teve nenhuma participação, de qualquer tipo, no crime. O delegado adiantou que a tendência agora é que o Ministério Público se manifeste pela sua soltura.
Hian foi indiciado por ocultação de cadáver e homicídio duplamente qualificado.
Relembre o caso do menino Danilo
O corpo de Danilo foi encontrado no dia 27/7 por cães farejadores do Corpo de Bombeiros em uma região de mata e lamaçal de difícil acesso, após ficar uma semana desaparecido. Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou a causa da morte como asfixia por lama.
O padrasto de Danilo, Reginaldo Lima Santos, de 33 anos, e seu colega e servente de pedreiro, Hian Alves, de 18, foram presos no dia 31/7, suspeitos de envolvimento na morte da criança.