Médico cirurgião que foi à TV afirmar a importância do vermífugo ivermectina no tratamento contra o covid-19 precisou ser internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), na última sexta-feira (10/7), em Goiânia. Familiares e amigos fizeram campanha em redes sociais e pedem doação de plasma a pessoas do tipo sanguíneo “A positivo” ou”AB” que adquiriram a doença, mas já se recuperaram. Os doadores precisam ter mais de 18 anos e, se mulheres, não podem ter tido filhos ou abortos. Os interessados podem procurar o Hemolabor.
Joaquim Inácio Melo Júnior é cirurgião e clínico e trabalha no Hospital Geral de Goiânia (HGG), mas está afastado desde o início da pandemia por estar no grupo de risco. O médico “viralizou” após entrevista à TV Serra Dourada, no dia 6/7, quando, aos jornalistas, em entrevista remota, em casa, confirmou estar infectado com covid-19 havia oito dias. Na ocasião, brincou com a situação, chamando a sua residência de “UTI”, por não ter precisado ir ao hospital, à época, em busca de tratamento, apesar de infectado. Na entrevista, Joaquim disse que o seu tratamento seria a ivermectina, a sua “vacina”.
O isolamento de Joaquim terminaria no domingo (12/7), mas, dois dias antes, sexta-feira (10/7), o clínico precisou ser internado e levado à UTI. A direção do hospital não deu detalhes do estado de saúde do paciente. Em vídeo gravado na UTI, destinado à família, Joaquim Inácio Melo Júnior teria comentado que “o doutor aqui agora é o paciente, não é o médico”.
Além do posicionamento do cirurgião que foi parar na UTI, leia o que algumas instituições de pesquisa dizem sobre a ivermectina no tratamento do covid-19
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), até o momento, não existem medicamentos aprovados para prevenção ou tratamento da covid-19 no Brasil, incluindo aí, a ivermectina. Prefeituras de diversas cidades do país têm adotado o uso do ‘kit covid-19’, com base em analises no próprio município, mas ainda não há recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) ou demais autoridades em saúde.
A Anvisa publicou, na última quinta-feira (9/7), um alerta sobre o uso da ivermectina. “É preciso deixar claro que não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desse medicamento [ivermectina] para o tratamento da covid-19. Assim, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus”, diz o texto.
O alerta diz ainda que também não existem dados que indiquem qual seria a dose, posologia ou duração de uso adequada para impedir a contaminação ou reduzir a chance de gravidade da doença. Leia aqui o esclarecimento na íntegra.
Dexametasona é indicada para casos graves de covid-19
Já em relação ao uso da dexametasona é recomendado para tratamento de casos graves da doença. Um estudo realizado por pesquisadores britânicos da Universidade de Oxford mostrou que o corticoide reduziu de forma significativa a mortalidade entre pacientes graves da covid-19.
De acordo com a pesquisa, o medicamento, usado no tratamento de doenças como reumatismo, alergias graves e asma, resultou uma redução de mortalidade de 33% nos pacientes com covid-19, que precisaram de ventilação mecânica. Já nos pacientes em tratamento que precisaram de oxigênio, mas sem uso ventilação mecânica, a queda da mortalidade foi de 20%.