A Câmara Municipal de Goiânia foi palco, na manhã desta quarta-feira (3/6), de um ato dos vereadores em apoio ao movimento global ‘Black lives matter’ (Vidas negras importam, numa tradução literal). O ato foi puxado pelo presidente da Casa, vereador Romário Policarpo, que fez um fala contundente contra o racismo. Segundo ele, “só quem é negro sabe o que é viver e vivenciar o racismo”.
Ao microfone da Mesa Diretora, Policarpo fez um desabafo sobre o lamentável cenário de racismo no país e no mundo. Ele mencionou que publicou em uma rede social a frase “Vidas negras importam” – frase esta que se tornou símbolo do combate ao racismo e à violência contra negros – e foi questionado por uma amiga “se todas as vidas não importavam”.
“Eu tive que dar uma explicação do porquê do movimento [Vidas negras importam]. Quando você fala de racismo, você está falando da pessoa que não aceita a outra não é por divergências políticas, não é por divergência de classe social, é pelo simples fato da cor da pele”, disse.
O presidente fez ainda uma referência a alguns vereadores da Câmara, e garantiu ter ciência do racismo enfrentado por eles. “Nós temos aqui vereadores negros nessa Casa, e que eu tenho certeza que dia após dia [passam por] uma piadinha, um olhar torto, aquele que não te reconhece e não entende por que você está num cargo melhor, isso é racismo”, desabafou.
Ato de vereadores de Goiânia na Câmara fez referência ao movimento Black lives matter e à morte de George Floyd
No último dia 25 de maio, George Floyd, um norte-americano negro, veio a óbito depois que Derek Chauvin, um policial branco de Minneapolis, nos EUA, ajoelhou-se no pescoço dele por pelo menos sete minutos, enquanto estava deitado de bruços na estrada.
A cena, que foi filmada e amplamente divulgada, causou choque e revolta ao redor do mundo. Nas imagens, é possível ver Floyd implorando pela vida e dizendo que não estava conseguindo respirar. Desde sua morte, protestos começaram a ocorrer em inúmeros países com pessoas nas ruas gritando o lema “Black lives matter”.
Na Câmara de Goiânia, os vereadores presentes na manhã desta quarta (3/6) se ajoelharam em um cordão humano em referência à atitude dos policiais dos EUA, que se ajoelharam diante de manifestantes em um pedido de perdão pela morte de Floyd.
Para Policarpo, que inciou o ato, “só quem é negro sabe o que é viver e vivenciar o racismo”. “Ele é diário e só aumento, e pelo que vejo, há poucas chances de ele diminuir”, concluiu.