O Ipasgo rebateu em nota, nesta quarta-feira (13/5), o posicionamento da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) sobre os leitos vazios em unidades da rede privada em Goiás. No texto, a entidade declarou que espera que um canal de diálogo seja aberto “para que possam conhecer a realidade do setor hospitalar privado e ouvir sugestões de conduta para solucionar essa crise.”
A nota da Ahpaceg também foi divulgada nesta quarta e diz que, atualmente, “os hospitais privados estão funcionando com uma ociosidade que chega a 80% em algumas unidades. Ou seja, a maior parte dos leitos está vazia devido à redução de atendimentos eletivos e à baixa procura por parte de pacientes com casos suspeitos ou confirmados de covid-19.”
Para o presidente do Ipasgo, Silvio Fernandes, o posicionamento causa “profunda estranheza”, uma vez que a entidade “lamentou” os leitos vazios em hospitais particulares. Além disso, ele pontua que a Ahpaceg reclamou que Caiado não se reuniu com a classe para resolver um problema de gestão privada. “Não cabe ao governador interferir em assuntos internos de hospitais privados”, reforçou.
Ahpaceg fala sobre leitos vazios em UTIs da rede privada;
Em outro trecho da nota, a Associação reforça que os hospitais associados contam com cerca de 500 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo que 100 foram disponibilizados exclusivamente para atendimentos de covid-19. A média de ocupação destes leitos tem ficado em torno de 20%. “Ou seja, os leitos de UTI também estão ociosos.”
Leia o posicionamento na íntegra:
Buscando esclarecer a população sobre inverdades que vêm sendo veiculadas durante essa pandemia e que só contribuem para gerar pânico entre as pessoas, comprometendo a assistência a quem necessita de cuidados médico-hospitalares, a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) esclarece que:
Leitos vazios – Atualmente, os hospitais privados estão funcionando com uma ociosidade que chega a 80% em algumas unidades. Ou seja, a maior parte dos leitos está vazia devido à redução de atendimentos eletivos e à baixa procura por parte de pacientes com casos suspeitos ou confirmados de Covid-19. Portanto, neste momento, não há risco de colapso da rede.
Pronto-socorro – O atendimento nos prontos-socorros dos hospitais associados caiu, em média, 50% desde o início da pandemia. Essa queda esconde um grave problema: por receio da pandemia, pessoas que necessitam de atendimentos de urgência estão deixando de procurar os hospitais. O mesmo tem acontecido com pacientes crônicos que dependem de atendimento contínuo. Essa interrupção ou busca tardia por tratamento pode ser fatal.
UTIs – Os hospitais associados contam com cerca de 500 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), dos quais aproximadamente 100 foram disponibilizados exclusivamente para atendimentos de Covid-19. Atualmente, a média de ocupação destes leitos tem ficado em torno de 20%. Ou seja, os leitos de UTI também estão ociosos.
Contaminação em hospitais – Todos os cuidados com a higienização e proteção de pacientes e profissionais de saúde vêm sendo adotados com rigor pelos hospitais associados.
Profissionais de saúde – Os hospitais reforçaram as orientações e cuidados com a proteção dos trabalhadores. O índice de contaminação por Covid-19 entre os cerca de 7,5 mil profissionais de saúde e administrativos e dos quase 4 mil médicos dos hospitais associados é inferior a 0,4%.
Atestados de óbito – A emissão de atestados de óbito segue rigorosamente as determinações contidas nas “Orientações para codificação das causas de morte no contexto da Covid-19” elaboradas pelo Ministério da Saúde.
Após três semanas aguardando uma reunião com o governador e sem resposta, a Ahpaceg espera que outros poderes constituídos – Legislativo e Judiciário – abram um canal de diálogo com a Associação para que possam conhecer a realidade do setor hospitalar privado e ouvir sugestões de conduta para solucionar essa crise.
Ipasgo rebate nota da Ahpaceg e diz que o foco é salvar vidas
Em nota resposta, o Ipasgo:
Causa profunda estranheza o posicionamento da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), presidida por Haikal Helou. Por meio de nota nesta quarta-feira (13/5), a entidade “lamentou” os leitos vazios em hospitais particulares. E ainda reclamou que o governador Ronaldo Caiado, responsável pela saúde pública, não se reuniu com a entidade para resolver um problema de gestão privada dentro da Ahpaceg. Não cabe ao governador interferir em assuntos internos de hospitais privados.
É importante ressaltar que o governador Ronaldo Caiado vem se dedicando a estruturar a rede pública por todo o Estado, já que nos últimos 20 anos todo o sistema hospitalar se concentrou na Região Metropolitana de Goiânia.
É competência do governador garantir o acesso dos goianos, de todas as regiões, ao sistema público de saúde. O atual Governo de Goiás não é adepto da “ambulancioterapia”, marca de governos passados. Esta gestão trabalha para acabar com o sofrimento de quem precisa de um hospital e tem que enfrentar horas de viagem para conseguir um leito na Capital.
Em busca da interiorização e humanização do atendimento, quatro hospitais foram estadualizados nas cidades de Formosa, Jataí, Luziânia e São Luís de Montes Belos. A justiça ainda repassou ao Estado um hospital em Itumbiara. E um convênio com o Hospital de Porangatu foi firmado. Além desses, Anápolis, Goiânia e Águas Lindas vão contar com hospitais de campanha. Tudo será público e gratuito, para qualquer goiano que precisar de atendimento durante a pandemia de coronavírus. Serão leitos acrescidos a rede pública. Mais de R$ 351 milhões já foram autorizados para o custeio desses hospitais.
O governador Ronaldo Caiado é aberto ao diálogo, inclusive com a Ahpaceg. É claro que uma parceria pode ser feita diante de uma pandemia de coronavírus como essa. Mas não é por meio de recados tortos. A conversa entre o público e o privado deve ser pautada, acima de tudo, pela transparência. Não é admissível qualquer tipo de lucro nem que privilégios que interessem a poucos em detrimento de quem mais precisa do Estado. Salvar vidas é o foco do governador. Esse é o ganho maior que ele considera.
Silvio Fernandes, presidente do Ipasgo.