O avanço do coronavírus no país tem feito com que o número de mortes chegue a um nível alarmante. Já são mais de 11 mil óbitos no Brasil. Em Goiás, o número de pessoas que foram levadas pela covid-19 chega a 47. Temendo o caos no procedimento de enterro dos mortos em razão da pandemia, que fez com que muitos cartórios fossem fechados, um deputado de Goiás apresentou um Projeto de Lei (PL) que propõe a prática da cremação de corpos durante esse período de emergência.
De autoria do deputado Gustavo Sebba, do PSDB, o PL de número 2143/20 determina a prática de cremação de corpos e também restos mortais em Goiás durante todo o período de pandemia da covid-19. Conforme a redação da matéria, em razão da situação excepcional, muitos serviços públicos não emergenciais, tais como cartórios, estão fechados, o que pode dificultar o procedimento tradicional de enterro de corpos.
Por conta disso, e do grande número de mortes que o estado de Goiás pode vir a registrar, o texto da propositura determina que a cremação de pessoas mortas poderá ser realizada, desde que a solicitação seja feita pelo cônjuge sobrevivente ou por um familiar de primeiro grau.
“Além disso, o serviço funerário no Brasil não tem capacidade para atender a demanda de enterros que podem vir a ocorrer em razão desta tragédia que nos assola, aumentando dessa forma, a opção pela cremação”, enfatiza Sebba.
Ao Dia Online, o parlamentar enfatizou que o PL não visa obrigar a familiar da vítima a optar pela cremação, mas sim desburocratizar o processo para quem escolher não enterrar seu parente. “Hoje é muito complicado, burocrático, tem que passar pelo cartório e muitos cartórios estão fechados. Então esse PL é para facilitar para quem quiser fazer a cremação”, explica.
A propositura encontra-se na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) e tem como relator o deputado Helio de Sousa (PSDB).
Cremação de corpos em Goiás é vista como possibilidade caso quantidade de mortos pelo coronavírus aumente
Levando em conta o modo como o coronavírus tem avançado no estado de Goiás e no resto do país, a proposta de Gustavo Sebba justifica-se.
No último domingo, 10 de maio, em que se comemorou o Dia das Mães, o estado de Goiás registrou 1.093 casos confirmados de coronavírus e 47 óbitos em decorrência da doença causada por ele, a covid-19. Além dos confirmados, há 11.799 casos suspeitos em investigação.
Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde de Goias (SES-GO), há 37 óbitos suspeitos que estão em investigação e 105 mortes suspeitas nos municípios goianos já foram descartadas.
Há, ainda, 60 casos confirmados internados. Conforme a SES-GO, destes, 44 pessoas estão hospitalizadas em leitos clínicos e 16 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Há ainda 77 casos suspeitos e em investigação que encontram-se internados; destes, 51 estão em leitos clínicos e 26 em UTI.
O quadro piora ainda mais com a queda de Goiás no ranking do isolamento social, medida considerada eficaz por especialistas contra a proliferação do novo coronavírus. O estado ocupa, agora, o último lugar no ranking de isolamento social no país (37,44%), de acordo com levantamento da Base In Loco, divulgado na plataforma da SES-GO.
Segundo os dados, no ranking de isolamento social, Goiás fica atrás de Mato Grosso, que tem apenas 38,03% de taxa de isolamento. O estado com maior taxa é o Ceará, que registra 50,76% de índice de isolamento. Em segundo lugar está o Amapá, com 50,71%. Os números foram computados até sábado (9/5).