O governador Ronaldo Caiado, ex-aliado do presidente da República, Jair Bolsonaro, se manifestou sobre a demissão de Moro, agora ex-ministro da Justiça, confirmada pelo próprio na manhã desta sexta-feira (24/4). Caiado elogiou Moro, e disse que o ex-chefe da pasta da Justiça “tem uma vida de grandes serviços prestados ao País”, e afirmou que era lamentável que a “situação tenha chegado a esse ponto”.
Caiado, que já havia rompido com Bolsonaro em razão das divergências no que tange às medidas de combate ao novo coronavírus, se manifestou abertamente em apoio a Sérgio Moro, que confirmou sua demissão em pronunciamento feito hoje à imprensa.
Veja a postagem de Caiado:
“O @SF_Moro tem uma vida de grandes serviços prestados ao País na moralização e no combate à corrupção. Lamentável que essa situação tenha chegado a esse ponto.”
Demissão de Moro foi acompanhado de acusações contra Bolsonaro
Ao anunciar a saída do cargo, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, acusou nesta sexta-feira (24) o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir politicamente no comando da Polícia Federal para obter acesso a informações sigilosas e relatórios de inteligência. “O presidente me quer fora do cargo”, disse Moro, ao deixar claro que a saída foi motivada por decisão do presidente.
“O presidente me disse que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse colher informações, relatórios de inteligência. A interferência política pode levar a relações impróprias entre o diretor da PF e o presidente da República. Não posso concordar”, disse Moro, ao comentar as pressões de Bolsonaro para a troca no comando da PF. “O presidente me quer fora do cargo.”
Moro falou com a imprensa após Bolsonaro formalizar o desligamento de Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal – o ministro frisou que não assinou a exoneração, publicada no Diário Oficial da União. O ex-juiz federal da Lava Jato lembrou que, em novembro de 2018, logo após as eleições presidenciais, Jair Bolsonaro lhe disse que ele teria “carta branca” para comandar a pasta, o que acabou não ocorrendo. “Ele (Moro) vai abrir mão da carreira dele. É um soldado que está indo à guerra sem medo de morrer”, disse o presidente na ocasião.
De acordo com Moro, a partir do segundo semestre do ano passado, “passou a haver uma insistência do presidente com a troca do comando da Polícia Federal”. “O presidente passou a insistir também na troca do diretor-geral. Eu disse ‘Não tenho nenhum problema em trocar o diretor-geral, mas eu preciso de uma causa’. ( ) Estaria claro que haveria interferência política na PF‘. O problema é: por que trocar? Por que alguém entra? As investigações têm de ser preservadas”, disse.
Ao falar do governo Dilma Rousseff, o ministro observou que “é certo que o governo da época tinha muitos defeitos, mas foi fundamental a autonomia da PF”. “Foi garantida a autonomia da Polícia Federal durante os trabalhos. O governo da época tinha inúmeros defeitos, crimes de corrupção, mas foi fundamental a manutenção da autonomia da PF para que fosse realizado o trabalho. Isso permitiu que os resultados fossem alcançados.”