A Federação Goiana de Municípios (FGM) publicou uma nota em apoio às restrições adotadas pelo Governo de Goiás, para conter a propagação do coronavírus no estado. O comunicado foi enviado à imprensa após o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), feito na noite desta terça-feira (24/3), onde ele convoca os brasileiros a saírem do isolamento e voltarem à “normalidade”.
Em nota, a FGM disse que “a preocupação com a estabilidade econômica e em não geral pânico entre a população brasileira também é compartilhada pelos gestores dos municípios goianos. Mas nesta guerra ingrata, que precisa ser travada, o momento é de se preocupar em salvar vidas”.
“Prefeitos e prefeitas continuarão seguindo as orientações”, diz FGM após pronunciamento de Bolsonaro
No texto, a Federação reforça ainda que as medidas de restrição adotadas em Goiás não foram somente rápidas, mas também “assertivas”. Leia a nota na íntegra:
Diante do pronunciamento do Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, feito na noite de ontem (24), os prefeitos dos municípios goianos reafirmam sua confiança na liderança do Governador do Estado de Goiás, Ronaldo Ramos Caiado, e de seu Secretário de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino Júnior, em relação ao enfrentamento da pandemia do Coronavírus.
Em todo o mundo temos presenciado os efeitos nefastos deste vírus, como o número alarmante de pessoas que perderam suas vidas, economia em crise, recomendações da Organização Mundial da Saúde – OMS para que as pessoas fiquem em casa e fronteiras entre países sendo fechadas. Neste sentido as medidas adotadas em Goiás não só foram rápidas, mas também assertivas.
A preocupação com a estabilidade econômica e em não geral pânico entre a população brasileira também é compartilhada pelos gestores dos municípios goianos. Mas nesta guerra ingrata, que precisa ser travada, o momento é de se preocupar em salvar vidas, e nesta seara, as ações do Governo do Estado de Goiás têm feito isso e também trazido tranquilidade a população, mostrando que serão adotadas as medidas necessárias para essa pandemia seja controlada.
Desta forma, reconhecendo que, em Goiás, o enfrentamento da pandemia do Coronavírus está de acordo com a evidencia científica atual, e que sacrifícios têm e ainda terão de ser feitos, como ocorre em qualquer guerra, os prefeitos e prefeitas continuarão seguindo as orientações técnicas do Governo do Estado e de sua Secretaria de Saúde, recomendam ainda: FIQUEM EM CASA.
Goiânia, 25 de março de 2020.
A nota é assinada pelo presidente da FGM e prefeito de Campos Verdes, Haroldo Naves (MDB). O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), ainda não se pronunciou a respeito da fala de Bolsonaro.
Pronunciamento de Bolsonaro
Em pronunciamento em rede nacional de TV, Bolsonaro (sem partido) voltou a falar em “histeria” em torno da pandemia do novo coronavírus e criticou o fechamento de escolas, entre outras medidas adotadas por governos e municípios. De acordo com dados oficiais atualizados nesta terça pelo Ministério da Saúde, o Brasil contabiliza 46 mortes e 2.201 casos confirmados, um aumento de 16,4% em um dia.
“O que tínhamos que fazer naquele momento (no início das precauções) era o pânico, a histeria e, au mesmo tempo, traça a estratégia para salvar vidas e evitar o desemprego em massa”, afirmou. O presidente acusou a imprensa de ir na contramão e espalhar “a sensação de pavor, tendo como grande carro-chefe o grande número de vítimas na Itália, um país com um grande número de idosos e com um clima totalmente diferente do nosso”, criticou. Não existem ainda evidências científicas para suportar a teoria de que climas quentes podem ajudar a aplacar a doença.
O presidente criticou também algumas autoridades estaduais e municipais que “devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transporte, o fechamento dos comércios e o confinamento em massa”. Segundo ele, não há motivo para fechar escolas, uma vez que o grupo de risco é composto por, também, pessoas com mais de 60 anos. “São raros os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos”, disse. Governadores, deputados e senadores condenaram o pronunciamento de Bolsonaro.