Entre os anos de 2009 e 2019, 696 mulheres foram mortas em Goiânia. Além disso, de 2.796 situações de violência registradas na capital, somente no ano passado, 70% das vítimas eram do sexo feminino. Esses e outros dados foram divulgados, nesta quinta-feira (12/3), pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Conforme o levantamento, as mulheres adultas de 20 e 59 anos são o grupo com maior número de notificações de violência (50,2)%, seguidas das adolescentes de 10 a 19 anos. Os tipos mais comuns de violência são as lesões autoprovocadas que ocorreram em 36,5% dos casos, a violência física (31,3%) e violência sexual (24,1%). O relatório destaca que em 36% dos casos a violência já havia ocorrido anteriormente.
As análises foram realizadas pelo Núcleo de Prevenção a Violência e Promoção da Saúde a partir do Banco de Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), baseado nas notificações realizadas pelos serviços de Saúde e escolas municipais da capital.
Das 696 mulheres mortas em Goiânia, 480 eram negras e tinham de 20 a 59 anos
A Secretaria de Saúde apresentou também os índices de feminicídio na capital. Em dez anos, 696 mulheres foram assassinadas, sendo que 480 delas moravam em Goiânia, tinham entre 20 e 59 anos, eram negras e solteiras. Em 64% dos casos, a vítima morreu ainda no local do crime. Os dados não apontam como essas mulheres teriam sido mortas e qual o perfil dos agressores e assassinos.
Sobre casos de violência contra a mulher, a SMS explica que, ao analisar por ciclos de vida, a negligência e/ou abandono é a que mais ocorre entre meninas de até 9 anos (45,8%), seguida de violência sexual (41,1%). Entre adolescentes do sexo feminino a maior ocorrência é de lesões autoprovocadas (53,5%) seguida de violência sexual (31,5%). Em relação às mulheres adultas, a violência física é a que mais ocorre (43,9%) e entre idosas ocorre mais a negligência/abandono (47,9%), seguida da violência física (35,2%).
A análise aponta que em todos os ciclos de vida, a violência ocorre, na maioria das vezes, dentro da própria casa da vítima. Dos casos estudados, 88,1% das crianças sofreram algum tipo de violência em casa; adolescentes (76,9%); adultas (73,8%) e idosas (88,7%). Os familiares são os principais autores da violência contra criança (70,8%) e contra as idosas (48,1%). Entre as mulheres adultas, 39,9% das agressões foram autoprovocadas e o segundo maior agressor são os parceiros, com registro de 25,2% dos casos.
Mapeamento
Goiânia fará uma parceria com a Fundação Internacional Vital Strategies, para o combate à violência contra a mulher. Para a secretária Municipal de Saúde, Fátima Mrue, os dados representam uma grande responsabilidade para o poder público.
“Os números são assustadores e preocupantes e nós estamos saindo da fase de fazer o diagnóstico da situação para a fase de ação. Com essa parceria, a primeira ação é elaborar um banco de dados de monitoramento que nos possibilite entender o algoritmo dessa violência e agir preventivamente antes de um desfecho fatal”, afirmou ela.